Não bastou-me o prazer da sensação
Que finda, orgânica , eleva-se
Ao gatilho e aos demais, sucessivamente
Gatilhos? Talvez.
Mas, sinto que algo de sutil permanecera
Para além de qualquer racionalização
Sinais de tua fala, e de tua “loucura” que me sugam num profundo turbilhão
E logo após, me expulsam e me parem em estado de vertigem
Teu suor, teu cabelo assanhado, a forma que te vestes
Toda a tua excentricidade encarnada
O teu estado de ser , por essência
E teus tiques ,tuas expressões inquietas, no teu modo próprio de se referir ao que quer que seja
E a tua melancolia, que de tão singular, me faz derreter e sentir a poesia que pulsa viva, aí dentro
Ainda que renegues
Me fazendo, na verdade, ver o fogo da vela que acende, quando falas de ti, da arte e de coisas da vida , do mundo
Mulher ...
É disso em teu interior que me alimento
E é daí que fluem os meus versos
Como coisas que invento
Essas benditas “ficções”
As quais , aos dias, me trazem significado
Onde eu ou tu brincamos de reinventarmo-nos mutuamente
Sob as tantas pedras que rolamos, e rolamos, umas por cima das outras, rotineiramente...
21/11/2021
“Como é lá?
Quão solitário é?
Ainda é vermelho ao pôr do sol?
Os pássaros continuam cantando no caminho para a floresta?
Podes receber a carta que não ousei enviar?
Posso transmitir a confissão que não ousei fazer?
O tempo passará e as rosas desaparecerão?
Agora é hora de dizer adeus.
Como o vento que permanece e depois vai, exatamente como as sombras.
Para as promessas nunca cumpridas, para o amor mantido até o fim.
Para a grama beijando meus tornozelos cansados.
E para os pequenos passos que me seguem.
É hora de dizer adeus.
Agora, como a escuridão cai, uma vela será acesa novamente?
Aqui eu rezo para que ninguém chore e para que saiba o quanto te amei.
A longa espera no meio de um dia quente de verão.
Um velho pensamento me lembra o rosto do meu pai.
Mesmo a solitária flor selvagem timidamente afasta-se.
Quão profundamente amei.
Como meu coração acelerou ao ouvir sua débil canção.
Eu te abençoo.
Antes de cruzar o rio negro
com o último suspiro da minha alma
começo a sonhar com a manhã de sol brilhante.
Outra vez desperto, ofuscado pela luz
e o encontro esperando por mim. "