tag:blogger.com,1999:blog-47232400010181358262024-02-20T23:02:53.971-08:00ESπRALAR"Lembre-se de Da Vinci. Artista, inventor, escultor, naturalista.
Itália, século quinze. Redescobriu a perfeição do retângulo dourado...e o desenhou em suas obras primas. Conectando uma curva através dos retângulos dourados concêntricos, você obtém a mítica espiral dourada. Pitágoras amou esta forma, porque a encontrou na natureza:
A concha de nautilus, chifres de carneiro, redemoinhos de água, tornados, nossas impressões digitais, nosso DNA e nossa Via Láctea, inclusive."Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.comBlogger115125tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-13459803254673175462022-08-24T18:10:00.005-07:002022-08-24T18:10:41.708-07:00* Abraço *<p> * Abraço * </p><p><br /></p><p>Abraço</p><p>Cabe na medida </p><p>De quem abraça ou</p><p>Deixa-se ser abraçado.</p><p>Na compressão </p><p>Corpos, calor, fusão</p><p>O aperto, faz-se assim: lento </p><p>Embaraçados à luz, a tudo da-se jeito. </p><p>Seja qual for o sujeito,</p><p>Envolto o laço, abraço</p><p>Sentimento</p><p>Coisa do peito </p><p><br /></p><p>24/08/2022</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-12418890222473250022022-08-16T01:48:00.005-07:002022-08-24T18:17:20.185-07:00* PEDRO *<p> </p><p>Naquela mesma via que dava pra uma rua sem o devido tratamento, assim como o corpo de toda gente que se faz desprotegida no mundo, nestes encontros que brotam incessantemente. Dois carros haviam colidido bruscamente. Em um deles, uma ambulância as pressas, ao prumo de seu destino. </p><p><br /></p><p>Apesar de toda sorte de abutre que se amontoava, tudo parecia razoavelmente bem. O motorista do carro não havia se machucado, bem como os funcionários da ambulância, e Pedro, o menino. </p><p><br /></p><p>Olhara como de relance um fotógrafo de jornal à figura, a criança ainda aflita aos olhos da mãe, um ser humano de nome, a desembocar neste asilo de loucos. Pedro, como pedra, a arrancar o asfalto barroso e cravar no dia de seu rebento as marcas da vida, o choro, o leite e o pedido da mãe. </p><p><br /></p><p>Pedro, olhando bem, fazia-se assim como símbolo, como rocha que tomba e no nome evoca o poder de uma tradição. </p><p><br /></p><p>O fotógrafo recolheu-se, não batera a foto, lembrara de tantas Marias e Joões, de tanta gente que apesar de brotar como formiga, nos enche em translado. Um nome, uma pessoa, tudo isto, neste momento só queria o presente.</p><p><br /></p><p>16/08/2022</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-24745831331837391012022-08-07T17:02:00.006-07:002022-08-22T11:03:02.116-07:00* A DOR *<p><br /></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A todos nós, em nossos mundos internos e percursos diários, quanta dor somos capazes de suportar? Dor que nos corroe até às entranhas, prende o choro, o pranto, rouba-nos o sorriso da face e o ar da vida. A quanta dor? Quantas somos capazes de afogar? </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O urro, o grito, o soco no ar e angústia somatizados, a coluna torta, e nós a olharmos cabisbaixos a hora e o "silêncio-sintoma" ,cancerígeno. O coração como que pedra, como que vulto da vida, vida fantasma </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A quanta dor? </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A não dar nome, não mostrar a cara , a expressão, o acordo e a senbilizacão </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aceitar </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O acordo </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A quanta dor? </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O rombo comeu meus tímpanos e eu gritei desafinado minha dor, a dor de outro e do mundo, afugentei as traças, ergui-me de um pulo, eu e minha dor </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Peguei-a pela mão, carreguei nos braços </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E por sobre mantos, cifras e códigos </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Dei parte dela o mundo </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Caminhei ali sob aquela ladeira </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desci de leve, respirei, plantei dela uma semente </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Para que ao raiar dos dias eu a celebre: </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A ela que me cabe </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E também a mim, cidadão do mundo </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">07/08/2022</span></p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-25597945137007609192022-06-23T04:12:00.005-07:002022-06-23T04:17:54.496-07:00 * Por tudo que é *<p><br /></p><p><br /></p><p>Sinto brotar de meu espírito um fervilhar, ebulição e o resplandecer da chama </p><p><br /></p><p>São tantos os nomes, são tantas as vertentes</p><p>Que por vezes, ouso, meu bom Deus, dizer que me faço guerreiro de tempos remotos a honrar a maternidade, a mãe, a mãe, que seja. </p><p><br /></p><p>Aqui de minha boca saem línguas que desconheço e clamam o fervor de tua glória, num vibrar, antes e depois o início, as letras, e o teu nome, daqui. </p><p><br /></p><p>A lembrar-me mente e arte, psique e Eros, tradução. Movimento, raciocínio. A finura da lâmina de bambu e uma gota d'água. </p><p><br /></p><p>Da virgem Maria , amuleto. </p><p>Jesus, carrego cá dentro , por dentro mis venas </p><p>Ahora saluda mi corazon, </p><p>Fuerza! Siempre! Siempre! Siempre! </p><p><br /></p><p>23/06/2022</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-54514915075423295612022-06-16T01:05:00.004-07:002022-06-16T01:05:57.059-07:00<p> Poderia falar aqui sobre um conjunto de raças, crenças, opções sexuais ou gêneros, debater a cerca da espiritualidade. Debater? Mas como? Se o espírito que me da vida e te dá é um só. Os caminhos são muitos e é na paz que creio morar este caminho. Ninguém nunca disse que a jornada seria pequena, ou que precisaríamos dar passos largos como quem almeja um fim. Estar em conformidade com a natureza. Como a flor que desabrocha e o orvalho, os raios de sol, o zunir dos insetos, os latidos, o coachar dos sapos, o cantar das cigarras e as estações, somos, do gérmen a semente, o solo, água, mineral, e de um tempo longínquo, energia pura, somos, o fim orbitando horizontes, sob a aurora da consciência cósmica. Sopra com vento este barro, da a vida, está aí este punhado de pó, põe-no de pé.</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-77812025851220668802022-05-30T03:40:00.002-07:002022-05-30T03:40:56.407-07:00<p> A consciência primária </p><p>Clama </p><p>Exultação do Cosmos </p><p>Estreita ponte </p><p>Divisa </p><p>Linha </p><p>Um ponto na órbita </p><p>Somos nós </p><p>O núcleo </p><p>Irmãos de Gaia </p><p>A mãe </p><p>O Sol </p><p>O pai </p><p>O universo </p><p>Corrente </p><p>E as margens </p><p>As margens do rio</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-63737955145092250292022-05-27T20:30:00.004-07:002022-05-27T22:22:30.376-07:00<div>Dizer palavras como quem morde a boca </div><div>Os lábios </div><div>Dentes sólidos e pedras que trincam </div><div>Um pranto fez-se gotas </div><div>Cubos de gelo </div><div>Frios </div><div>Ascender-me o fio que liga ao estreito </div><div>As nuvens </div><div>Mil céus Abrirão </div><div>E os portais, magnéticos orbes</div><div>Fulgurando carruagens </div><div>Ao pico </div><div>E ao precipício </div><div>Neblinas </div><div>Vestem seus véus </div><div>O corvo baterá as asas </div><div>As dez badaladas </div><div>As 10:00 , resplandecerá </div><div>A aurora em múltiplas faces nas geleiras do Ártico </div><div>E os ursos voltarão a migrar </div><div>Os ursos</div>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-44023189716146020812022-05-14T07:16:00.002-07:002022-05-14T07:16:30.911-07:00<p> Muito difícil é falar em ego sem antes ter sob ele o controle, no dia que o ego tiver caído por terra e todas as máscaras caírem , veremos , por fim, a face humana de cada ser. Limpa, bendita e lavada, e a palavra vívida. Um dia , de joelhos prostrados também cairão, acompanhados de suas lágrimas, o fogo de suas almas, a pulsar o tecedor de estrelas.</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-17195533808675219052022-05-13T18:48:00.000-07:002022-05-13T18:48:01.836-07:00 * Sobre aquilo que me disseram quando já não havia palavra *<p><br /></p><p><br /></p><p>O</p><p>Vasto </p><p>Nomeia </p><p>Circunscrito </p><p>Num ponto </p><p>Que se (der)rama </p><p>Irrompe versos </p><p>Luz </p><p>Vazio</p><p><br /></p><p>13/05/2022</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-68640232414847501152022-05-12T18:08:00.005-07:002022-05-12T19:08:18.096-07:00* O breu da alma *<p><br /></p><p><br /></p><p>Chega tal manso o breu </p><p>Quando ao cume, agasalhado à neblina </p><p>Defronta imensidão do precipício</p><p>E a palavra que se faz em inevitabilidade </p><p>Horizonte linguístico infindo</p><p>E a pulsarem estrelas no lado esquerdo do peito</p><p>Clamor por tempos de outrora, sem cessar</p><p>E um romper-se em cinzas, lágrimas. </p><p>Fazendo-se, por fim ,do orvalho matutino </p><p>A mais pura serenata de tempos vindouros</p><p>A chama que arde viva,escalda brasa, cintila a fagulha. </p><p><br /></p><p>12/05/2022</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-34987890659923709732022-05-05T18:13:00.004-07:002022-05-12T19:09:46.679-07:00* Alma * <div> A Cratera fez-se lua </div><div>E da associação constante, rubro lábaro</div><div>Flamejantes almas </div><div>Que no cintilar da brisa, aninham-se</div><div><br /></div><div>O princípio e a palavra primeva </div><div><br /></div><div>Irmãos de longa data</div><div><br /></div><div>Com sinceridade diz o cristalino, as lágrimas</div><div>E a nossa saliva </div><div>A tradução </div><div><br /></div><div>A mimesis por um único fio leva Imperiosa carne a procura de redenção ,de tempos remotos a trilha se extenderá, olhem bem os postes, faróis e pirilampos, recordem... </div><div><br /></div><div>05/05/2022</div>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-6209560711369014532022-05-01T05:22:00.003-07:002022-05-01T05:25:37.102-07:00* PEGUE UM DELÍRIO E CHAME DE SEU *<p> Nos dias de meus sincericídios </p><p>Retorço-me todo e me apanho destas minhas garras </p><p>Os órgãos e o sangue fervente, borbulham, deixo a cuidado dos corvos </p><p>Sigo na névoa </p><p>Os passos me doem </p><p>Na medida, a ausência da gravidade </p><p>Se faz sentida</p><p>Vestido em meu uniforme </p><p>Desço ao breu </p><p>Dezenas de cães espreitam-me a ladrar </p><p>Exibem seus dentes e a espuma que goteja de suas bocas </p><p>Não me alcançam</p><p>Eu os possuo </p><p>Tenho parte dos cães e das feras </p><p>Nem mesmo que mostrem os dentes e se mantenham inertes</p><p>Lembro-me da cor da cor rubra de meu uniforme</p><p>E da cor dos olhos daquelas criaturas </p><p>Ali mesmo então, estonteado </p><p>Me pegada agora, de súbito </p><p>A uniformidade se fizera presente, a se alardear em cor, em cheiro, ação, e toda a magnitude </p><p>Era bestial! </p><p><br /></p><p>30/05/2022</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-85205948251195828822022-04-17T00:39:00.008-07:002022-04-17T19:00:34.598-07:00* ILHA *<p><br /></p><p>Um passo </p><p>E o outro lado da porta, pórticos, portais</p><p>Um passo em falso, o coração exposto, a mão extendida </p><p>Amiga</p><p>Fizera-se porto e daí a pluralizar-se o mundo </p><p>E o que se estava posto </p><p>As mãos a se estenderem </p><p>A abrirem rachaduras no fundo do crânio </p><p>Aos recônditos da alma </p><p><br /></p><p>- Vês, não és ilha !</p><p>Olhas bem por este campo que pisas, é o mesmo que cultivas.</p><p>Disse a velha figura na frente de minha casa </p><p>Seus pés retorceram-se em raízes, seu corpo se extendeu firme, o caule e a árvore toda espiaram-me </p><p>Dia-após dia , a espera do tempo e estação vindoura. </p><p><br /></p><p>A partir dali, deixara de ser ilha, além de globo, repensaria ser uni,multi,meta, habitar as dimensões nas mais diversas instâncias, pois ainda que insignificante, esperançava a vida no mais puro delírio dos libertos versos. </p><p><br /></p><p>17/04/2022</p><p><br /></p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-78766966444981621272022-04-05T18:58:00.007-07:002022-04-14T04:42:54.690-07:00* O espelho *<p><br /></p><p>Certa vez ao acordar de sonhos intranquilos , dei-me num palco, sozinho, incumbido a ser protagonista daquele evento. Confortavelmente entorpecido, rodeado de mantas, reparei que estava zonzo, como se tivesse rodado por piruetas a fora no mundo dos sonhos, como se no terreno do inefável houvera ali feito morada, enquanto gélida permanecera a minha carne, estéreis haviam sido os campos que se alastraram em minha jornada.</p><p> Dividido na inerente angústia que me perfazia , ao ser carne, morada do espírito, para se fazer luz, frente as trevas. </p><p><br /></p><p>A luz do palco acendera fortemente, meio que turvando minha vista, percebi ali que um de meus sentidos eram inúteis. Recordando então matematicamente do cenário, desci do palco e fui até onde deveria haver a platéia. Estava bastante escuro, e ao notar que não havia ninguém, sem querer dei de encontro com um objeto, foi quando bati fortemente minha cabeça nele, ficando novamente zonzo,tentei tatear bem então sua superfície, estava levemente rachada, foi aí que em minha consciência dei por conta, era “um espelho”. </p><p><br /></p><p>De repente alguma luz do cenário orientou-se a acender aquele local.</p><p>Olhei-me então no reflexo daquele espelho,e como certamente eu me reconhecia, parecia ser quase igual a mim tal imagem,se não fosse pela rachadura, é claro! </p><p><br /></p><p>Fui andando pelo terreno voltado a platéia e percebi que junto ao movimento de minha consciência, havia também a companhia daquela luz, na medida então que eu dava nome as coisas ou vibrava em espírito. Após andar mais um pouco, percebi que ali havia mais um espelho,e poderia ser engraçado ou aterrorizante, mas aquelas figuras, mesmo sob a luz, me lembravam imagens distorcidas em um lago, ou em espelhos próprios de circo. Percebia-se uma infinidade de “eu’s”, figuras de inúmeros tamanhos e que poderiam ter densidades aparentemente diversas, e talvez até almas próprias, mas ao vislumbrar a luz e observar o caminho, notara então que havia ali um exército, me parecia inútil seguir! </p><p>Era tedioso viver diante de si constantemente, uma overdose existencial. Este monólogo vertiginoso, a pensar sobre si, a escutar sempre a própria respiração, ainda que descompassada, sentir as batidas do próprio coração , sim, dele mesmo!Ininterruptamente! Carne!</p><p>E lá, no fundo daquele oco torácico onde fica toda sorte de órgãos, fazer zunir o sistemático e ruir, como trovão, um grito estridente na calada da noite, como rato, como porco, como pássaro, como face animal, que teme, mas lança no solo a semente de revolta, de todos os tempos, e com ela a liberdade!</p><p><br /></p><p>Por fim, caí de joelhos no chão, e junto a isto, estilhaçaram-se todos os espelhos, milhares, num barulho ensurdecedor. Reparei então, que mais a frente, naquele salão reservado a platéia ,ainda ficara um espelho, e então decidi caminhar até sua direção, no entanto, durante o percurso feri meu pé com um dos cacos daqueles espelhos. Do meu pé, logo percebi que saia sangue, apesar de não ser caso grave. </p><p>Ao chegar por fim ao último espelho e defrontar-me com ele, percebi que não havia nada, nem mesmo uma única figura que sugira, qualquer coisa sugestionada diante de todo aquele processo. Pude notar então que meu pé estava doendo um pouco, e ainda que o corte não fosse profundo ,ele não tinha de fato como estancar facilmente o ferimento, foi quando eu resolvi levanta-lo cortado mesmo, a meia altura ,e comprimi-lo contra o chão. </p><p>Quando fizera isso e ainda sem tirar a visão do espelho, percebera que a imagem se movia, como as águas de um rio a reagir com o impacto. Diante disso, eu notei, finalmente ,que aquele não era um espelho comum, ele certamente tinha vida, e se quer talvez fosse um espelho. </p><p>Foi aí então que a luz do salão teatral fora se alastrando, enquanto ,em fluxo ,“as águas” do espelho fluíam. Já não sabia bem o que fazer, mas talvez desejasse algo, pois todo homem, de dentro de sua alma espera algo. De uma grande barra de ouro, a um bom dia de pesca, cada alma no canto desse mundo espera, ou luta por algo. Estendi a mão, sem decerto entender aquele meu gesto intuitivo, então de repente minha mão adentrara o espelho, como num líquido, como água. Notava algo então na superfície de minha mão e quando pude retirar, estava ali: </p><p>"Um lápis" !</p><p><br /></p><p>Fechei então os olhos por um instante, queria parar no tempo, na eternidade, embora soubesse de minha finitude, e o quanto era falho em todas as minhas instâncias, ainda assim, estava disposto a dar o melhor de mim e usar de meu espírito para ser guiado e guiar, atentando-me a possível jornada.</p><p><br /></p><p>Como marca temporal daquele evento e desfecho, repentinamente terminara a espalhar-se por aquela sala grande e vazia uma nítida essência de lavanda. Eu não conhecia bem de essências, talvez, tinha um olfato prejudicado, mas ainda assim apreciava o odor que era capaz de impregnar os perfumes, e também esta mesma característica presente na poesia, das coisas, da vida. </p><p><br /></p><p>05/04/2022</p><div><br /></div>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-6739231275036867052022-03-13T15:04:00.002-07:002022-03-13T15:28:43.624-07:00* O CONTO DOS DOIS VELHOS *<p>Como num percurso sinuoso de silhuetas a se desenroscarem, pairando em plano onírico, são cuspidas duas criaturas. </p><p>Duas criaturas levemente mórbidas, estranhas, alheias a si, e talvez ao mundo. Flácidas, caquéticas. Os ossos àmostra, o conjunto de pele pendurada, as unhas sujas, cabelos ensebados, além de faltar-lhes dentes pra degustar o que a vida lhes dá. </p><p>Diz-se ainda que um deles é míope. </p><p> </p><p>Os dois se olham rápido, mas deixam para que se siga a sina, a marcha . Logo a frente então surge uma placa, em tom imperativo: SUBAM! </p><p><br /></p><p>Nada mais... </p><p><br /></p><p>Ali adiante está a penitência anunciada: </p><p><br /></p><p>Uma escada em formato de caracol de tamanho inestimável, intimidador. Se tomar pelo pecado de olha-la de baixo é ao mesmo tempo deixar-se levar pela vertigem, e a sedução do medo, a impossibilidade. </p><p><br /></p><p>Onde reside a força para aquelas criaturas?</p><p><br /></p><p>De onde tirariam o combustível necessário para elevar-se , sem o temor de muitas vezes ter a consciência de que também se anda em círculos, de que no teatro da vida, elevamos-nos uma vez para cair logo em seguida, para cravar espinhos , pregos e dar “murros em ponta de faca”. </p><p><br /></p><p>-“ Por mim está bem, vou subir!”</p><p><br /></p><p>Falara um daqueles, em tom esbaforido, como que cansado de narrativas verborrágicas.</p><p><br /></p><p>Então, em corrente, o outro sobe, da o primeiro passo. </p><p><br /></p><p>Começa então uma odisséia, onde aqueles corpos se deixam levar pela sinuosidade, a vertigem, o cansaço, onde a própria força da gravidade passa a atingir efeito ilusório, onde o tempo é relativo. </p><p><br /></p><p>As criaturas pastosas, como em papa, o suor se deixando cair pelas dobras, e as articulações estalando, a respiração desfalecendo , porque àquela altura o ar já se consumira, as criaturas se consumiram. Os corações a fraquejarem , e a vista a turvar-se. Não se sabia ao certo mais quem era míope. Na falibilidade, na inerência orgânica de onde viemos e para onde vamos, somos todos irmãos. </p><p><br /></p><p>De repente aqueles seres sentem que os degraus sumiram, como que por ilusão de óptica. </p><p><br /></p><p>De frente paira uma espessa nuvem escura de onde não se sabe como se formou ou para onde vai. </p><p><br /></p><p>Mas como um retrato do que fora , face do sagrado e ainda assim enigma, surge um caramujo, vagarosamente a deslizar, no meio daqueles dois. Era o único elo de ligação que parecia se interpor ali, ainda assim um sinal da natureza. </p><p><br /></p><p>Observaram aquele ser aturdidos naquele mar de “nada”, e então seguiram mais uma vez corajosamente frente a névoa, como se o fôlego houvesse se restabelecido. </p><p><br /></p><p>Desbravaram o local em meio a escuridão, numa espécie de peregrinação ,como se houvesse talvez perdido algo a se recuperar. Àquela altura do campeonato não poderia saber exatamente o que era, os bons homens hoje em dia carecem de tantas coisas, perdem-se no caminho, ou mesmo desprendem-se de seus princípios, de seus propósitos. A verdadeira tragédia é quando uma alma se deixa levar, por todos os males que ali no mundo dos homens também está, mas é por isso mesmo que se deve aprender a vigília e certa disciplina , porque nisto consiste a liberdade de saber discernir as verdadeiras escolhas no caminho da ascensão. </p><p><br /></p><p>-Estou vendo algo!(1) </p><p><br /></p><p>-Ora como você está vendo qualquer sorte de coisa em meio a esta névoa? (2)</p><p><br /></p><p>- Coloque a mão no seu bolso.(1) </p><p><br /></p><p>Estavam ali os dois senhores olhando a frente, mas agora depois um deles notou que havia um volume em seu bolso, retirou então e quando olhou ali, havia uma concha de caramujo vazia. </p><p><br /></p><p>Os dois senhores fitaram aquilo, mas um deles esboçara um fino sorriso. </p><p><br /></p><p>De repente a névoa que pairava fora aos poucos se desmanchando e como numa sucessão de milagres, dezenas de crianças apareceram ali, bem adiante, a frente daqueles senhores. Elas não o notavam , estavam completamente entrertidas nos seus jogos de faz de contas, empinando pipas. Algumas pipas se chocavam, outras voavam alto, outras iam mais abaixo, mas ali ,elas bem sabiam a verdadeira sabedoria, a vida era aquele jogo bendito, aquele faz de contas, repleto de símbolos e quebra-cabeças, onde o imaginário é pura imensidão. </p><p><br /></p><p>Os velhos fecharam os olhos por um instante... </p><p><br /></p><p>Quando viram, finalmente, eram eles ali, materializados em primeira pessoa, desde o início.</p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-71567417736005992362022-02-21T11:38:00.000-08:002022-02-21T11:38:38.694-08:00Frases do filme "Cemitério do esplendor"(2015)<p> - "O homem rico é como uma formiga, sendo sempre observado. " </p><p><br /></p><p>"O homem pobre é como uma montanha, sendo sempre ignorado." </p><p><br /></p><p>"Aquele que persegue o paraíso acabará no inferno." </p><p><br /></p><p>"O tempo perdido e sem uso é um tempo sem fim." </p><p><br /></p><p>"Quando ofendemos alguém queremos ser perdoados, mas quando alguém nos ofende nós esquecemos de perdoar." </p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-60713513842119939002022-02-12T22:48:00.009-08:002022-02-12T22:50:49.495-08:00* AVE *<p>Pomba não era </p><p>Branca, tão pouco</p><p><br /></p><p>Repentina aparição, ainda assim </p><p>Rachara-me o silêncio </p><p> </p><p>Seu pouso macio </p><p>Em chão de concreto </p><p> </p><p>O cheiro do mangue </p><p>Seu negrume, a matéria estampada </p><p><br /></p><p> O andar da ave </p><p><br /></p><p> “AVE”! </p><p><br /></p><p> Pra perto ...</p><p><br /></p><p> “AVE” </p><p><br /></p><p> Pra longe... </p><p> </p><p> Fez da noite espetáculo, exibiu bem o bico, catou pequenos insetos no chão e depois levantara em revoada </p><p><br /></p><p>Um voo leve </p><p><br /></p><p>Como quem sabe do vento , a força que tem </p><p>E da engenharia das penas, das asas.</p><p><br /></p><p>13/02/2022</p><div><br /></div>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-43319652223086304272022-02-02T05:33:00.001-08:002022-02-02T05:33:09.723-08:00* O VENTO *<p><br /></p><p><br /></p><p>Era tarde. Tarde demais talvez, mas o sol ainda brilhava tênue. Sentia em meus olhos um leve ardor e o macio do colchão em minhas costas naquela minha posição horizontal. Eu estava deitado na cama do meu quarto, localizada paralelamente à janela, pensando nos últimos intervalos de tempo, no que fazia ali, esquecido de como e quando fora deitar.</p><p><br /></p><p>Lá fora e através de uma brecha da janela o vento soprava um zunido levemente assobiado e, de súbito, parava. Através do vidro eu via as folhas de uma mangueira dançando ao som assobiado do vento e, inesperadamente, pararem.</p><p><br /></p><p>Havia convidados na casa, mas ali, no quarto, outro tempo se desenvolvia perante meus olhos. Porque eu estava de sapatos? “Incrivelmente engraxados”. Pensei, enquanto os observava absorto.</p><p><br /></p><p>Despertava daquela contemplação quando percebia o barulho silencioso das visitas na sala de estar, poucas vozes, alguns ruídos de fala incompreensível e o som de talheres educadamente manuseados sob o peso da discrição.</p><p><br /></p><p>Senti em meu pescoço a opressão de uma gravata. “Porque estou deitado de gravata?” Cogitei por um instante, mas, de súbito, o zunido do vento levemente assobiado recomeçou. Olhei para a janela: as folhas balançavam lá fora alisando o vidro da janela.</p><p><br /></p><p>Era fim de tarde e meus olhos ardiam vermelhos, como a tonalidade das nuvens. Enquanto isso, dentro do quarto, sombras se projetavam das folhas da árvore, indefinidas.</p><p><br /></p><p>Era interessante como antes dos últimos raios de um pôr do sol a luz sempre se intensificava, vibrante.</p><p><br /></p><p>Absorto pelo movimento negro das sombras indefinidas que balançavam, dançando dentro do quarto ao som do vento lá fora, num zunido levemente assobiado, mal percebi quando minha mãe entrou no quarto através da porta entreaberta</p><p><br /></p><p>- <span style="white-space: pre;"> </span>Tudo bem, querido? Você já viu quantas visitas? - Ela pronunciava as palavras espaçadas pelo receio das respostas, a cabeça meio baixa e a voz trêmula, com uma inquietação e movimentos sutis. Ela se aproximou e passou a mão cuidadosamente sobre meu cabelo, como que o ajeitando, acariciando na medida em que me penteava. Seus olhos ardiam. Simplesmente virou-se, dando as costas, e saiu dizendo: “Até logo, filho”. Eu nada disse. Estava entretido com o som do vento e o movimento das folhas lá fora com suas sombras aqui dentro.</p><p><br /></p><p>Silêncio. Sem o movimento do vento voltei minha atenção novamente para os sapatos brilhantemente engraxados. “Porque eu estava deitado com eles?”. Minha mãe sempre reclamava quando eu me deitava na cama de sapatos, mas hoje ela nada disse. Nenhuma reclamação. Meus olhos ardiam, agora um pouco mais. Foi quando dois primos, por volta de cinco anos de idade, entraram correndo no quarto e pararam, um atrás do outro, rápidos, barulhentos, cheios de vida. Antes de olharem para mim, subitamente olharam para a janela quando o vento soprou com seu assobiar por sua brecha. </p><p><br /></p><p>Vocês não podem brincar aí!. - Eles olharam para mim e saíram correndo do quarto com o grito do meu pai ao corredor. Ouvi passos. Meu pai surgiu debaixo do portal da porta, encostado em uma das laterais. Ele apenas me olhou fixamente, fundo em meus olhos, desceu a vista e parou nos sapatos. Tive a impressão que chorava. Ele entrou, fechou a janela entreaberta, interrompendo o assobio do vento, e saiu.</p><p><br /></p><p>Lá fora a árvore balançava com suas folhas mudas e o sol estava quase todo pousado sob o horizonte.</p><p><br /></p><p>Olhei para as sombras que aos poucos desapareciam da parede quando vi outras negras se aproximarem pelo corredor. Todas vestidas de preto. Um choro conhecido meu, mas carregado de um pesar totalmente desconhecido, ecoava pelo corredor, era minha mãe, carregada por meu pai, que com as mãos e a razão segurava o choro que escorria pelo canto dos próprios olhos.</p><p><br /></p><p>Todos eram familiares, muitos há tempo que não os via, seus olhos ardiam como o sol, movimentando-se como sombras, zunindo o assobio suave de um choro triste. Olhei para a janela e a última coisa que vi foram as folhas inertes, mudas e secas. </p><p><br /></p><p>Thomas Williams</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-69264770934287704442022-02-01T18:35:00.003-08:002022-02-01T20:16:58.065-08:00 * O silêncio *<p>O não-lugar </p><p>Perdido no espírito </p><p>Na vibração de suas ondas cerebrais</p><p>Caiu ...</p><p>E até a escuridão que lhe fora incumbido</p><p>Caiu </p><p>Não sabia se nascia ou se morria </p><p>Era como o rebento que ao ver a luz a respiração lhe saltava junto com os olhos fora das órbitas ,</p><p>Ou como o velho decrépito,que se perde entre a dor e o desespero, para esbanjar por fim o semblante sereno do que já não é, e fora? </p><p><br /></p><p>Uma imagem </p><p>Uma casa vazia </p><p>Poucos cômodos </p><p>Chove... </p><p> Por um momento sente as vidraças da janela que impelem o vento vibrarem, mas lá de fora pode se escutar a natureza numa ânsia imponente de contato e um assobio assim prossegue... </p><p><br /></p><p>Até que chega a noite e no centro da sala a mesa aparece posta, ali está o banquete. </p><p><br /></p><p>Um rangido surge e a porta se abre como que por mágica, pessoas entram, sujeitos. </p><p><br /></p><p>Dependuradas ali próximo estão pinturas e fotos antigas, algumas em preto e branco, empoeiradas, percebe-se que são aquelas pessoas representadas. </p><p><br /></p><p>Sentadas confortavelmente à mesa, utilizam-se dos talheres e digerem vagarosamente cada alimento daquela refeição, compartilham do que bebem e ali mesmo se encerram. Percebendo o momento derradeiro em volta da mesa dão as mãos, se entreolham e sorriem com tamanha profundidade. A lua cheia lá fora reflete o brilho de seus olhares e imprime em suas auras uma atmosfera iluminada. Ambos se curvam enquanto o dia amanhece e tudo se dissolve entre os raios de Sol. </p><p><br /></p><p>Por estranho mistério a mesa surge arrumada e em seu centro, inerte, está ali de pé um busto de bronze. Uma estátua com o dedo indicador em pé, cruzando os lábios, na medida que aponta para cima.</p><p><br /></p><p>No entanto lá ao longe,ainda que fora daqueles aposentos se ouve um cantar tímido, que se aproxima e aumenta a medida que amanhece e o sol por fim dá as caras. É o cantar de um galo que anuncia... </p><p><br /></p><p>De repente acorda, ainda confuso, mas um murmúrio rumina em sua mente baixinho: “tudo é segredo”. </p><p><br /></p><p>01/02/2022</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-73006955092450812812022-01-07T14:14:00.003-08:002022-01-07T15:50:41.158-08:00* A FACE OCULTA *<p><br /></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Estado difuso </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A mente inquieta e a perpetuação de silogismos </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A lógica a ruminar ideias e derivados </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Planetas </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mundos </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Universos </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nosso DNA catalogado em um michoship </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Algoritmos a nos enumerar estatisticamente </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma menina de 7 anos faz uma enquete no instagram: "existe vida em Marte?" </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">De dentro do meu sonho, penso a proposta… </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Onde tudo é possível, de dentro do meu sonho, penso o propósito… </span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Abre um entardecer alaranjado,onírico</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nuvens passam… </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Casais , de mão dadas, contemplam</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Crianças brincam, enquanto se extasiam</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E nada aparentemente acontece </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">No espaço em que tudo me preenche</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Como o ar mais puro.</span></p><br /><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">07/01/2022</span></p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-74734013453919072002022-01-06T19:10:00.004-08:002022-01-06T22:03:26.425-08:00*ENCONTRO*<p><br /></p>
<p dir="ltr">Deixar escapar as palavras,<br />
como quem respira...</p><p dir="ltr">
Os olhos atentos<br />
e a medida certa,</p><p dir="ltr">para que flua,</p><p dir="ltr">que ganhe cadência,</p><p dir="ltr">onde no ritmo inexato,<br />
o mais abissal do ser,</p><p dir="ltr">
no tato, dos dedos, das mãos,<br />
transfigure-se num suspiro,<br />
num sorriso, um encontro.</p><p dir="ltr">
Presença que evoca a poesia,<br />e o alívio mesmo do existir...</p>
<p dir="ltr">06/01/2022</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-64561807357555346502021-12-26T17:40:00.001-08:002021-12-26T17:40:50.439-08:00<p> FILME: BABA AZIZ: O PRÍNCIPE QUE CONTEMPLAVA A SUA ALMA(2006) </p><p><br /></p><p>As almas dançam, possuídas pelo êxtase </p><p><br /></p><p>Graças a ele o universo está dançando. </p><p><br /></p><p>As almas dançam, possuídas pelo êxtase. </p><p><br /></p><p>Eu vou sussurrar em seu ouvido onde sua dança irá levá-lo... </p><p><br /></p><p>Todos os átomos, no ar e no deserto parecem enlouquecidos </p><p><br /></p><p>Cada átomo, feliz ou infeliz, torna-se enamorado do Sol, do qual nada pode ser dito.</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-63748929146100844832021-12-26T17:34:00.003-08:002021-12-26T17:34:21.359-08:00<p> FILME:. POESIA(2010) </p><p><br /></p><div id="body_wrapper" style="background-color: white; color: #333333; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; max-width: 100%; min-height: 100%; overflow-x: hidden; padding-bottom: 1390px; position: relative;"><div itemscope="" itemtype="http://schema.org/Movie" style="max-width: 100%;"><div class="container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; max-width: 100%; width: 940px;"><div class="row movie_details-wrapper" style="margin-left: 0px; max-width: 100%;"><div class="span8" style="float: left; margin-left: 0px; max-width: 100%; min-height: 1px; width: 620px;"><div class="page-content discussions-container" style="background-color: #ebebeb; border-right: 1px solid rgb(220, 220, 220); margin-bottom: 20px; max-width: 100%;"><div class="nav-white-filled" style="max-width: 100%;"><div class="tab-content tab-content-page" style="background-color: white; max-width: 100%; overflow: visible; padding: 15px;"><div class="tab-pane active" id="all-comments" style="max-width: 100%;"><div class="comments-container" data-content-type-pk="22" data-object-pk="26021" id="comments-container" style="max-width: 100%;"><ul class="media-list comments-list" data-content-type-pk="22" data-object-pk="26021" style="list-style: none; margin: 0px 0px 10px; max-width: 100%; padding: 0px;"><li class="media comments-list-item " data-comment-pk="8203388" id="comment_id-8203388" style="border-top: 1px solid rgb(187, 187, 187); line-height: 20px; margin-top: 10px; max-width: 100%; overflow: hidden; padding-top: 10px; transition: background-color 2s linear 0s; zoom: 1;"><div class="media-body" style="max-width: 100%; overflow: hidden; zoom: 1;"><div class="text comment-text" style="line-height: 18px; max-width: 100%; overflow-wrap: break-word;"><div class="spoilerHidden" style="max-width: 100%;"><div class="spoiler" style="max-width: 100%; overflow: hidden;"><p style="margin: 0px 0px 10px; max-width: 100%;">“Como é lá?<br style="max-width: 100%;" />Quão solitário é?<br style="max-width: 100%;" />Ainda é vermelho ao pôr do sol?<br style="max-width: 100%;" />Os pássaros continuam cantando no caminho para a floresta?<br style="max-width: 100%;" />Podes receber a carta que não ousei enviar?<br style="max-width: 100%;" />Posso transmitir a confissão que não ousei fazer?<br style="max-width: 100%;" />O tempo passará e as rosas desaparecerão?<br style="max-width: 100%;" />Agora é hora de dizer adeus.<br style="max-width: 100%;" />Como o vento que permanece e depois vai, exatamente como as sombras.<br style="max-width: 100%;" />Para as promessas nunca cumpridas, para o amor mantido até o fim.<br style="max-width: 100%;" />Para a grama beijando meus tornozelos cansados.<br style="max-width: 100%;" />E para os pequenos passos que me seguem.<br style="max-width: 100%;" />É hora de dizer adeus.<br style="max-width: 100%;" />Agora, como a escuridão cai, uma vela será acesa novamente?<br style="max-width: 100%;" />Aqui eu rezo para que ninguém chore e para que saiba o quanto te amei.<br style="max-width: 100%;" />A longa espera no meio de um dia quente de verão.<br style="max-width: 100%;" />Um velho pensamento me lembra o rosto do meu pai.<br style="max-width: 100%;" />Mesmo a solitária flor selvagem timidamente afasta-se.<br style="max-width: 100%;" />Quão profundamente amei.<br style="max-width: 100%;" />Como meu coração acelerou ao ouvir sua débil canção.<br style="max-width: 100%;" />Eu te abençoo.<br style="max-width: 100%;" />Antes de cruzar o rio negro<br style="max-width: 100%;" />com o último suspiro da minha alma<br style="max-width: 100%;" />começo a sonhar com a manhã de sol brilhante.<br style="max-width: 100%;" />Outra vez desperto, ofuscado pela luz<br style="max-width: 100%;" />e o encontro esperando por mim. "</p></div></div></div></div></li><li class="media comments-list-item " data-comment-pk="8203388" id="comment_id-8203388" style="border-top: 1px solid rgb(187, 187, 187); line-height: 20px; margin-top: 10px; max-width: 100%; overflow: hidden; padding-top: 10px; transition: background-color 2s linear 0s; zoom: 1;"><p style="margin: 0px 0px 10px; max-width: 100%;"><br /></p></li></ul></div></div></div></div></div></div></div></div></div></div>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-25087473894717516452021-12-24T22:52:00.003-08:002021-12-24T22:52:27.310-08:00* MENINO-SOL *<p><br /></p><p><br /></p><p>Nos labirintos da vida , corre o menino </p><p>Naqueles tempos de outrora, tece o agora </p><p>Pula muros, escombros , ri do acaso </p><p>O despropósito </p><p><br /></p><p>Faz-se gente em terra de homens </p><p>Onde a alma, desde cedo, já lhe apontava o norte </p><p><br /></p><p>Do sistema, da técnica e da volatilidade das relações</p><p>Atenta-se com esmero as engrenagens, para que assim não se torne uma </p><p><br /></p><p>Homem, talvez a letra dos livros de outros homens, de mestres, te salve</p><p>Talvez a história, e seu estudo, a relação com o sagrado </p><p>Talvez a tua última utopia,cravada em letras escritas a sangue </p><p>E tua fé mais sincera, a tua devoção e sacrifício </p><p>Te levem a teu instante derradeiro, ao teu deserto pessoal</p><p><br /></p><p>Menino! </p><p>Menino-SOL! </p><p>Mas não te esqueças jamais, Menino-SOL!</p><p>Do teu sorriso sereno e do teu amor puro </p><p>O sol incandescente a brilhar bem dentro de teu peito </p><p>Que a memória sempre te seja uma possibilidade de acalanto </p><p>E que o fim sempre te seja um meio para recomeçar</p><p><br /></p><p>24/12/2021</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4723240001018135826.post-74179613016366276362021-11-22T08:27:00.010-08:002021-11-23T05:28:33.434-08:00* PATHOS *<p><br /></p><p><br /></p><p>Não bastou-me o prazer da sensação </p><p>Que finda, orgânica , eleva-se </p><p>Ao gatilho e aos demais, sucessivamente </p><p><br /></p><p>Gatilhos? Talvez.</p><p><br /></p><p>Mas, sinto que algo de sutil permanecera</p><p>Para além de qualquer racionalização </p><p>Sinais de tua fala, e de tua “loucura” que me sugam num profundo turbilhão</p><p>E logo após, me expulsam e me parem em estado de vertigem </p><p><br /></p><p>Teu suor, teu cabelo assanhado, a forma que te vestes</p><p>Toda a tua excentricidade encarnada </p><p>O teu estado de ser , por essência</p><p>E teus tiques ,tuas expressões inquietas, no teu modo próprio de se referir ao que quer que seja</p><p>E a tua melancolia, que de tão singular, me faz derreter e sentir a poesia que pulsa viva, aí dentro</p><p>Ainda que renegues </p><p>Me fazendo, na verdade, ver o fogo da vela que acende, quando falas de ti, da arte e de coisas da vida , do mundo</p><p><br /></p><p>Mulher ...</p><p>É disso em teu interior que me alimento</p><p>E é daí que fluem os meus versos </p><p>Como coisas que invento </p><p>Essas benditas “ficções” </p><p>As quais , aos dias, me trazem significado</p><p>Onde eu ou tu brincamos de reinventarmo-nos mutuamente</p><p>Sob as tantas pedras que rolamos, e rolamos, umas por cima das outras, rotineiramente...</p><p><br /></p><p>21/11/2021</p>Victor Vasconceloshttp://www.blogger.com/profile/15194310113234232194noreply@blogger.com0