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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

* Jaulas *

Certo dia um homem decidiu levar seu único filho a um passeio no parque. 

Dentro deste local podia-se desfrutar das formas mais diversas de entretenimento

Lá,seu pequeno filho sentia como se estivesse num universo a parte de sua cidade e brincava feliz da vida,nada daquilo parecia que um dia fosse ter fim.

Estourava as coloridas bolhinhas de sabão que muitas outras crianças soltavam no ar.

Esperava na fila,junto a outros pequenos para subir as escadas e chegar ao topo do brinquedo. Lá de cima avistava seu pai que acenava com as mãos.Em seguida e rápido como um foguete ele descia o longo escorrego,mas ao fim da queda estava lá seu pai que lhe agarrava num forte abraço.

Brincava de pega,esconde-esconde,pulava cordas,gargalhava extasiado,e por fim respirava ofegantemente ,com as mãos apoiadas nos joelhos.

Mais na frente havia um pátio com pessoas sentadas,todas com as pernas cruzadas ,e organizadas formando um grande círculo com todos os presentes. Eles faziam uns gemidos estranhos enquanto permaneciam naquela mesma posição por um longo tempo. O menino não entendia nada, mas imaginava que tudo aquilo deveria ter haver com "auto-conhecimento",pois todos usavam camisas brancas com frases que diziam algo semelhante a isso.

O garotinho observava,ria sozinho e achava aquilo uma tremenda loucura.

Em seguida,o pai observando o filho pensativo com aquela situação, resolveu chama-lo para ver uma nova atração no parque. Uma parte daquele território havia sido reservado para abrigar todos os tipos de animais dispostos em recintos trancados.

O homem então pegou a mão do filho e o conduziu até o local onde estavam os animais.Mas o menino tão entusiasmado com aquilo, soltou repentinamente a mão do pai e foi correndo até a jaula do chimpanzé.

Não era nada de animador,ele pensava. Observar o macaquinho ir de um lado a outro da jaula diversas e diversas vezes. Havia também as horas em que ele comia,tomava água,fazia xixi,cocô e ainda por raros segundos olhava para o menino, incisivamente,como se pedisse algo. Incomodado com a situação, o jovem menino perguntou a seu pai:

-Porque não libertamos o macaquinho para que ele também possa brincar no parque como eu?Ele não parece estar feliz.

Após ter rido com a ousada dúvida de seu filho, o pai respondeu:

-Este chimpanzé não é um ser humano como eu e você,ele é um animal selvagem meu filho, provavelmente deve ter um comportamento violento. Não sabemos como ele pode reagir as pessoas, se o soltassemos aqui seria um caos. Neste cantinho ele tem tudo o que é necessário a ele, não há necessidade de soltá-lo.

Ainda sem entender direito como aquele macaquinho seria violento com outras pessoas ,o menino permaneceu andando com a cabeça voltada ao chão e acompanhou o pai que foi até a saída do parque.

No local,o menino viu um homem sério,enorme,fardado e que parecia estar duro como uma tábua. O garoto ainda observou outra coisa assustado, no bolso direito dele havia um revólver.

"Para quê aquela arma?"
Pensava ele.

O grandalhão ,depois ,num gesto automático, abriu o portão gradeado do parque que fez um rangido ensurdecedor. Os dois saíram e em seguida o homem grande disse a eles com uma voz fria:

-Tenham uma boa tarde.

O pai do garoto acenou e eles se despediram.

Mas uma dúvida ainda perdurava na mente do garoto.Ainda que o dia tivesse sido surpreendente,não tão mais satisfeito quanto antes,o menino perguntava a si mesmo:

"Porque os seres humanos são tão esquisitos?

Porque,hein?"



04/12/2013