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segunda-feira, 2 de março de 2015

* Gatuna *

Olinda Noite Ó linda... Felina... Passa como um vulto Cruzando o meu caminho Porque? Olinda Teus paralelepípedos forrando o piso brilhante a luz da lua Meus passos apressados Ó linda... Onde fostes? Sinto teu cheiro de fera no cio, correstes porque? Olinda... Um beco Medo A respiração trava Ladeiras Ruas estreitas Quatro cantos Um poste, duas luzes acesas no breu Teus olhos É tu! Ó Linda! Se aproxima devagar, como quem sabe o que quer Mas teus olhos parecem-me doces Eu noto E tu parece que sentes Passas ao meu lado,se esfrega em minha perna Tento tocar-te E num salto tu deixas apenas o rastro No ar Olinda Uma bebida Um desconhecido a cumprimentar Um banco Um suspiro Uma igreja de paredes desbotadas Uma prece Dez árvores, parecem mil Um som de flauta ao fundo anuncia Tu vens, eu penso Teu nome Luíza Eu lembro Silêncio... Mais nada... É o tempo, é o vento... É um beijo! 02/03/2015

* Ser *

Cá dentro de mim
Cá dentro deste fragmento temporal
Cá dentro desta memória,daquilo que me é íntimo 
Partícula, em meio a vastidão universal
Testemunho o tudo e o nada
Ainda que pareçam só palavras,desconfio
Sinto...
A dor
O amor
O Tudo, espelho da natureza mãe ,que vibra e emana fluidez
O Nada, abismo insondável em que me jogo, as vezes até a procura de garantias
Surjo então...
Abduzido por uma força centrípeta, e eu rodopio apenas, num liquidificador de emoções
É como num passeio veloz, onde se vê os rastros de luz
E os sons pipocam,visitando-me de todas as direções...
Uma sinfonia talvez,quem dera ser
Para mim é como se fosse , e nada mais parece importar
Apesar disso,uma busca parece se seguir
Voo, como uma pena levemente revolta em um vendaval
Vago as constelações, e entre elas ,lá estão as três Marias,tão simetricamente alinhadas.
Agora sinto que posso apalpa-las
sim...
E cá dentro meu ser parece explodir, como um turbilhão que vaza por cada um de meus poros
É um fluxo tão arrebatador que seria inútil arranjar referências
De dentro pra fora, ou de fora pra dentro... Também não me importa
Não há espaço nem tempo
Inexisto enquanto indivíduo
Uma quebra se manifesta,aterriso...
Gotas de vinho caem sobre minhas vestes
Desabotoou a camisa, jogo ao chão
Tomo o último gole daquela garrafa
Sinto a brisa refrescar meu peito,meu corpo
Mas por instantes esqueço-me novamente de mim
Transfiguro-me na brisa, no esgotamento
Não tenho nome
Não sou um ser
Acredito nisto:
Uma noite, a eternidade
01/03/2015