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quarta-feira, 24 de agosto de 2022

* Abraço *

 * Abraço * 


Abraço

Cabe na medida 

De quem abraça ou

Deixa-se ser abraçado.

Na compressão 

Corpos, calor, fusão

O aperto, faz-se assim: lento 

Embaraçados à luz, a tudo da-se jeito. 

Seja qual for o sujeito,

Envolto o laço, abraço

Sentimento

Coisa do peito 


24/08/2022

terça-feira, 16 de agosto de 2022

* PEDRO *

 

Naquela mesma via que dava pra uma rua sem o devido tratamento, assim como o corpo de toda gente que se faz desprotegida no mundo, nestes encontros que brotam incessantemente. Dois carros haviam colidido bruscamente. Em um deles, uma ambulância as pressas, ao prumo de seu destino. 


Apesar de toda sorte de abutre que se amontoava, tudo parecia razoavelmente bem. O motorista do carro não havia se machucado, bem como os funcionários da ambulância, e Pedro, o menino. 


Olhara como de relance um fotógrafo de jornal à figura, a criança ainda aflita aos olhos da mãe, um ser humano de nome, a desembocar neste asilo de loucos. Pedro, como pedra, a arrancar o asfalto barroso e cravar no dia de seu rebento as marcas da vida, o choro, o leite e o pedido da mãe. 


Pedro, olhando bem, fazia-se assim como símbolo, como rocha que tomba e no nome evoca o poder de uma tradição. 


O fotógrafo recolheu-se, não batera a foto, lembrara de tantas Marias e Joões, de tanta gente que apesar de brotar como formiga, nos enche em translado. Um nome, uma pessoa, tudo isto, neste momento só queria o presente.


16/08/2022

domingo, 7 de agosto de 2022

* A DOR *



A todos nós, em nossos mundos internos e percursos diários, quanta dor somos capazes de suportar? Dor que nos corroe até às entranhas, prende o choro, o pranto, rouba-nos o sorriso da face e o ar da vida. A quanta dor? Quantas somos capazes de afogar? 


O urro, o grito, o soco no ar e angústia somatizados, a coluna torta, e nós a olharmos cabisbaixos a hora e o "silêncio-sintoma" ,cancerígeno. O coração como que pedra, como que vulto da vida, vida fantasma 

A quanta dor? 


A não dar nome, não mostrar a cara , a expressão, o acordo e a senbilizacão 

Aceitar 

O acordo 

A quanta dor? 


O rombo comeu meus tímpanos e eu gritei desafinado minha dor, a dor de outro e do mundo, afugentei as traças, ergui-me de um pulo, eu e minha dor 

Peguei-a pela mão, carreguei nos braços 

E por sobre mantos, cifras e códigos 

Dei parte dela o mundo  

Caminhei ali sob aquela ladeira 

Desci de leve, respirei, plantei dela uma semente 

Para que ao raiar dos dias eu a celebre:  

A ela que me cabe 

E também a mim, cidadão do mundo 


07/08/2022