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terça-feira, 25 de junho de 2013

* Noite dos desassossegados *


Há algo de amedrontador nesse silêncio que bate repentinamente, uma espécie de calmaria transvestida que outrora desvela-se em caos. Sutilmente,assim mesmo, aos poucos... 



Motoristas conduzindo seus veículos apressadamente,

na mais profunda solidão.
Ligam naquela mesma rádio de sempre
desejando escutar aquela velha canção que ,
como de costume, sempre lhes acalmam os nervos.

Seguranças mal encarados,trajados em suas fardinhas.

Guardiões de imensas estruturas de concreto
que abrigam os mais diversos tipos de senhores e senhoras.
Atividade exercida de forma cautelosa para com estranhos
que venham a surgir pelos arredores,exige responsabilidade desmedida.
Quanta insegurança deve abrigar a virilidade deste tipos?

Casais de namorados,

longe de dar um tom romântico a noite
e quebrar com esse efeito devastador,
fogem pelas ruas quase que aleatoriamente,
se perdendo em atalhos que traçam com suas mentes
pertubadas pelo temor da morte aparente.

Meninos órfãos,

acham-se donos de seus próprios destinos
e das ruas que habitam.
Herdeiros do ópio,
ironicamente enjaulados por essa sub-estrutura a que pertencem,
imposta pela mão maior que ,a princípio, sempre afaga.
Empunhando um canivete em suas mãos trêmulas,
eles anseiam sua própria justiça sangrenta de ódio
contra o primeiro que cruzarem.

Belas moças na esquina,

pontualmente aguardam a margem das estradas
o próximo parceiro odioso que lhes ofereça
uma boa quantia em dinheiro ou, a contragosto,
uma nova cicatriz marcada por uma surra violentamente cruel.


 A noite,antes protagonista,se torna apenas um pretexto para o sutil reinado do medo,que se faz residência. Com o caminhar destas horas que se estendem,o inútil combate frente a própria morada mostra-se raramente,podendo até ser visto através de um simples fato que se repete. 




Um mero cão vira-lata surge.

Erguendo-se e mirando em latidos a lua majestosa no céu,o animal
DENUNCIA A TODOS!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Quadrinhos 1


A obscuridade da ideia primordial de deus










* Primavera *

O tempo deixa seu legado,a natureza numa aparente sincronia com todas as formas de vida possíveis permanece em constante movimento. Há de se gerar , por si só uma infinitude de cores, uma explosão assombrosa de fertilidade que se perpetuará nestes mesmos períodos,acalmando a ânsia dos românticos.


Vem o último vento,indiferente ,assobiando agressivo.Desencadea-se a partir deste uma orquestra de sons: um farfalhar de miúdas vegetações,batidas de janelas,baques ensurdessedores de panelas,latir de cães medrosos nos becos das cidades.O maestro corre as ruas vazias da metrópole,bate as portas das moradas,rompe a paz das madrugadas,emanando de si um tom irônicamente profético.


Numa realida paralela caminha uma figura ao longo da calçada,no coração da cidade...
O pequeno Tim ,menino raquítico,mas dono de uma vontade imensurável,criança sonhadora que almeja um futuro de paz,como tantas outras.Ele tece seu destino de maneira inocente.

Nunca em tão curta existência havia feito um gol numa partida de futebol.
Impetuosamente,o garoto chutara quase sem querer a bola para o fundo das redes,dando a vitória a seu time,que agora era ovacionado por todos. Sua turma tinha sido campeã naquela modalidade dos jogos internos,não faltavam motivos para comemorações.

Ele atravessava a rua sob o sol escaldante,queria contar o feito a seus pais. Em passos firmes ele rachava o asfalto,tamanha era a sua felicidade.


Dirigindo o volante e pertubado,esta Pedro,ele tinha discutido seriamente com sua namorada.

E num instante definitivo,seu celular toca...

Ele anseia escutar a doce voz de sua amada...

Se abaixa e pega o celular...

É a hora do perdão,a tanto esperada...


A hora...


HORA PARA QUÊ?


A jovem vítima avista o veículo,já muito próximo,com um olhar lacrimejante de temor e um tanto de esperança...

O pneus lisos tentam dar freio a algo que não fosse a vida...


Irreversíveis são os nossos atos e os trajetos unidirecionais dos ponteiros do relógio eterno...


O pequeno Tim tem sua cabeça estourada contra o vidro do carro que se espatifa,seus miólos e os cacos se espalham por todos os cantos.O fato consumido marca com manchas de sangue aquele mesmo asfalto em que Tim passara.


Imperdoável é a ação do tempo,que a tudo e a todos destrói.


Subvertendo os frios objetivos do tempo,carrasco que a tudo corrompe,permanece o vento,sem qualquer consentimento,a correr por entre os bosques,jardins e até mesmo os cemitérios,arrancando os frutos de suas árvores e os derrubando como que acidentalmente em terras fertéis,concebendo,em efeito dominó, oque virão a ser as novas árvores e, conquentemente,os novos frutos colhidos,ora também amargos,mas de certa forma digeríveis.