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domingo, 17 de novembro de 2013

* Um inseto *


Há tempos,num cubículo ,trancafiado.Imerso em nuvens difusas ,faíscas cerebrais. 

Esqueço-me...

Observo da sacada o quadro absurdo da modernidade.

Em marcha ,os corpos trafegam rumo ao eterno retorno,pacientemente, até que as laminas caiam sobre suas vidas.

Espremendo o que há dentro de meu crânio,indago:

-Eu,como fração disto,estaria também abandonado a circunstância monótona dos dias?

A solidão, indesejada companheira de existência, atiça ao pé de meus ouvidos:
-Não te abandonarias jamais!

Desesperado,nego a voz e professo intuitivamente:

-Nunca!

Abro de uma só vez a janela,utilizando-me de bruscos movimentos.

Inspiro profundamente o ar estranho a mim.

Deito em minha cama ,e enfim,retorna-me a tola estabilidade dos pensamentos organizados.

Inocentemente clamo por paz,dias melhores virão.

Aconchegado em meu recinto,penso estar livre do fado que a tanto me aflingia.

No entanto,repentinamente,surge um barulho quase inaudível,tirando-me o sossego. O zunido de um inseto asqueroso, um espécime estranho,voando vagarosamente em minha direção, pousa sobre a minha cabeça e num débil prazer, suga-me o sangue da testa.

15/11/2013