Total de visualizações de página

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

* Busca *



Todas as pessoas solitárias
De onde todas elas vem?
Todas as pessoas solitárias

De quem elas pertencem?

Olá!
Há alguém aí dentro?
Só acene com a cabeça se você consegue me ouvir
Há alguém em casa?
Ei você!
Aí fora no frio
Ficando sozinho, ficando velho
Você pode me sentir?


Quarta-feira de manhã As cinco horas enquanto o dia inicia
Silenciosamente fechando a porta de seu quarto
Deixando um bilhete que ela espera dirá mais
Ela desce a escada Até a cozinha
segurando seu lenço
Cuidadosamente virando a chave da porta dos fundos
Pisando lá fora ela está livre

É um pequeno romance atroz
para a garota com o cabelo castanho claro*
mas a mãe dela está gritando "Não"
E o pai dela a mandou ir
Mas o amigo dela não está em lugar algum
Agora ela anda através do seu sonho submerso
para o assento com a melhor vista
E ela está vidrada na tela prateada
mas o filme é tristemente chato
Pois ela o viveu dez vezes ou mais
ela poderia cuspir nos olhos dos tolos
quando eles pedissem para ela se concentrar

Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da sertania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
De escolha própria, escolheu a solidão

Que aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora
As festas do "Grand Monde"...

Marinheiros brigando no salão de dança
caramba! Olhe aqueles homens das cavernas irem
É o show de horrores
Dê uma olhada no Homem da lei
Espancando o cara errado
Caramba! Imagino se algum dia ele vai saber
Que ele está no show que mais vende
existe vida em marte?

Fizeram você trocar
Seus heróis por fantasmas?
Cinzas quentes por árvores?
Ar quente por uma brisa fria?
Conforto frio por mudança?
Você trocou
Uma pequena participação na guerra
Por um papel principal numa cela?

Ideologia!
Eu quero uma pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver..
Ideologia!
Pra viver
Ideologia!
Eu quero uma pra viver...

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.
Eu sou ele como você é ele como você sou eu
E nós estamos todos juntos

Você pode dizer que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós.
E o mundo viverá como um só


E se eu disser que eu realmente te conhecia qual seria sua resposta
se você estivesse aqui hoje?


Como eu queria
Como eu queria que você estivesse aqui
Somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre o mesmo velho chão
O que encontramos?
Os mesmos velhos medos
Queria que você estivesse aqui



Mas era apenas fantasia
O muro era muito alto, como você pode ver
Não importa o quanto ele tentasse, ele não poderia se libertar
E os vermes comeram seu cérebro


P.S-ESSE TEXTO FOI FEITO COM VÁRIOS TRECHOS MÚSICAIS DE BANDAS-The beatles,Pink Floyd,David Bowie,Renato Russo e Cazuza- ORGANIZADOS QUASE QUE ALEATORIAMENTE.


* Por trás dos bastidores*


Eu não tenho que lhes dizer que está mal.
Todo Mundo sabe que as coisas estão más.
O dólar compra tudo.
Os bancos fazem a festa.
Os donos das lojas têm armas nos balcões.
Jovens tornam-se cada vez mais selvagens.
Não parece haver alguém que saiba o que fazer e como acabar com isto.
O ar está ficando impróprio para respirar e a comida imprópria para comer.
Mas sentamo-nos para ver TV enquanto os jornais nos dizem que hoje houveram 15 homicídios e 63 crimes como se esse fosse o modo que o mundo deve ser!
Nós sabemos que as coisas estão más.
Pior que más. É uma doidice desenfreada.
É como se tudo ao mesmo tempo estivesse pirando e não saímos mais.
Relaxamos em casa e lentamente o mundo em que vivemos vai ficando mais pequeno.
E tudo o que dizemos é, "Por favor, deixem-me sozinho no meu lar. Deixem-me com a minha torradeira e TV, com as 'minhas correntes' e eu não digo nada.Só deixem-me em paz."
Mas nós não vamos te deixar em Paz. Nós queremos que você enlouqueça!
Não queremos que proteste, nem que se revolte.
Não quero que escreva a nenhum congressista porque não sei te dizer o que poderia escrever.
Eu não sei o que fazer sobre a depressão, a inflação, os Russos e o crime nas ruas.
Tudo o que sei é que primeiro tem que enlouquecer!
Tem que dizer, "Sous um ser humano, merda! A minhas vida tem valor!"

P.S-TRECHO RETIRADO DO DOCUMENTÁRIO ZEITGEIST

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

* O monstro do pântano *


Por entre as zonas mais subterrâneas da terra vagava uma criatura de tão horrenda aparência. Não era feito de barro, mas sim de lama, formada por detritos orgânicos dos mais diversos. Seu odor era fétido como o de matéria em decomposição, assim também se caracterizava todo o resto do pântano em que vagava. Imerso até a cintura era como se estivesse fundido ao ambiente em que sobrevivia.

Que espécie de criatura teria dado parto a um monstro de tão estranha aparência?

Andava lentamente por entre as carcaças de seres aquáticos que boiavam sem vida aos seus arredores. Avistava abismado os sapos que coaxavam mais longe, junto a isso escutava o zunido dos mosquitos e o cantar das cigarras, era a fúnebre sinfonia do pântano, o coro organizado da natureza que exacerbava vida diante de um cenário sepulcral. Os gases oriundos da matéria sem vida pairavam no ar, misturando-se a névoa, dando ao local uma atmosfera extremamente densa.

E ele, o monstro, apenas seguia a correnteza do pântano que parecia não lhe levar a lugar algum.

Debruçando-se diante da paisagem o monstro recitava poesias para o nada, extraindo beleza diante daquele cenário tão pouco propenso. Era como o poeta que distinguia o perfume de uma flor no lixo.

Embalados com a sinfonia do pântano, seus versos fluíam como as águas de um rio.

Dizia:

- Quão belo é o sapo! Que faceiro se esconde dentro da lama e assim captura os mosquitos que voam em trajetórias aparentemente aleatórias, mas que na verdade buscam incessantemente por sangue. E os peixes! Que mortos flutuam junto ao meu ser, servem de alimento para muitos outros seres. As plantas carnívoras! Que se mostram inofensivas, mas a espreita aguardam também aqueles mesmos mosquitos que saciarão sua fome. Os troncos retorcidos que um dia já fizeram parte de imensas árvores intimidadoras, mas hoje são apenas sobras. Toda essa dinâmica representando o fim de um ciclo, onde a natureza faz seu papel de selecionar aqueles mais aptos num ambiente tão nocivo.

Continuava a vagar a favor do fluxo sem qualquer bússola que lhe apontasse o norte, seguia seu destino, que por ele era desconhecido.

Vagava...

Vagava...

Vagava

E Já exausto se perguntava:

-De onde venho?
Para onde vou?

Serei eu fadado a submeter-me sempre a essas questões que não levam a lugar algum? O que fiz para merecer estar aqui nesse local tão inóspito?

Mais adiante o monstro enxerga algo que talvez fosse o fim do lamacento pântano, um campo repleto de grama com um lago ao fundo. Em passos curtos a criatura assustadora caminha por entre os campos, e onde pisa deixa seu rastro de sujeira, espalhando morte por onde quer que passe.

Até que chega onde antes mirava. Agora, diante do imenso lago, sente um sentimento de profunda curiosidade e prazer, pois nunca outrora vira algo tão belo em toda sua tediosa existência. No lago caía uma cachoeira e voavam borboletas ao seu redor, peixes nadavam alegremente enquanto exibiam suas escamas prateadas.

Ele então olhou seu reflexo no lago, mas...

Não havia muito o que ver, apenas a lama que compunha seu corpo.

O monstro então se perguntou:

-O que aconteceria a mim caso entrasse no lago?

Será que este compartilharia sua beleza com uma criatura como eu?

Adentrando as profundezas dessas águas poderia enfim descobrir quem sou e o que quero?

Pergunto-me, se este lago é o fim do pântano, marcaria esse ponto o fim de minha trajetória?

Seduzido pela dúvida o monstro do pântano primeiro se banha no lago, espalhando nele toda a lama que lhe cobria, intoxicando os peixes.

Numa imagem difusa o monstro se olha no reflexo das águas. Ele se vê como algo curioso, diferente, dotado de diversos traços físicos distintos entre si. Não há mais aquela couraça de detritos que o cobria. A nova criatura, agora não mais monstro, assustado com sua nova forma se pergunta:

-Será que isso há de ser a minha essência? Não sou eu o monstro que habitava as regiões abissais daquelas terras sem vida?

Após ter feito sua descoberta, decide então mergulhar no lago, para que só assim pudesse saber o que mais essas águas o revelariam.

Mergulhou...

Com todo ímpeto possível ele mergulhou...

E quanto mais se aprofundava naquelas águas reparava que mais vida lhe cercava. Havia peixes de todas as cores, algas, répteis, moluscos. Até que de repente ainda submerso ele olha seu corpo e por conta disso lhe vem um ESTALO, ele relembra...

Outrora, em muitos momentos ele fora outra criatura, diferente do monstro, era dotada de maior conhecimento. Fora humano, como os outros que conviveram junto a ele. Era poeta, assim como ainda é hoje, poeta marginal, abissal, poeta banal!

Descobrira que voltara ao princípio, porém, não queria mais ser homem, pois vira semelhantes seus cometerem as mais diversas injustiças com outros de mesma espécie. E mesmo diante de tudo aquilo se sentia inútil por não poder fazer nada. A única coisa que mais sabia era que se perdia em suas poesias e em algumas raras vezes que criticava a massa com que convivia, mas, nada fazia.

Supunha então que fora punido a viver sobre aquelas condições, a ser monstro, conformado com seu destino, que monstro então fosse.

Tentando avistar a superfície, acabara de descobrir que novamente se perdera tudo estava muito escuro devido a profundidade que atingira e, por conta disso, não tinha mais qualquer senso de direção. Poderia ousadamente retornar a superfície e enfim ao seu pântano, mas... NÃO! Ele decide por fim tentar ir mais fundo, a fim de descobrir algo mais, além de suas expectativas.

Mais fundo...

Fundo...

E já próximo ao solo aquático ele começa a ser ameaçado por uma imensurável falta de ar, bolhas começam a sair de sua boca e narinas, não mais aguentava aquelas condições. O novo homem tenta emergir, mas não lhe sobram mais forças. Ele vai sentindo um tremor em todo o corpo sente que a vida vai lhe escapando aos poucos.

Será assim o fim?

Um último suspiro, representado por algumas poucas bolhas que lhe escaparam.

Dentre a névoa encontrasse agora a estática criatura, antes monstro, jaz homem, flutuando junto aos peixes mortos por ele. Servirá de matéria orgânica que nutrirá os esquisitos seres que ali vivem, dando por fim mais uniformidade a imagem daquele ambiente degradado.


domingo, 9 de outubro de 2011

*Conformismo*


"Se o destino é uma roda,nós somos as engrenagens que a move".

"Não temos escolha a não ser acreditar que essa roda é perfeitamente arquitetada e seguirmos em direção ao norte.
O poder das engrenagens individualmente,seus objetivos...e a lâmina que cai sobre elas.
Não esta apenas girando,esta dando voltas e a cada momento é tocado pela luz do Sol e da Lua, o mundo esta sempre mudando para algo novo.
Só existe uma coisa que não muda ,certamente,é a minha falta de poder.
Algumas vezes eles desaparecem espontaneamente.Não tenho certeza da razão.Ás vezes,tudo que resta é uma marca de sangue que apenas eu posso ver...
Junto com um vago sentimento de dor.Não importa quão forte eu seja,não posso protegê-los.
Quando penso nisso...
Meu coração se torna uma espada.
Está dando voltas...
Se o destino é uma roda,então nós somos os grãos de areia presos entre as engrenagens.
Nós somos inúteis.Tudo que queremos mesmo é poder.Mesmo que não sejamos capazes de protegê-los apenas estendendo nossas mãos...
Nós desejamos que uma lâmina seja segura.O poder para mudar o destino de alguém é igual á queda de uma lâmina.
O meu poder é o poder para mudar o destino?Ou eu serei engolido por esta força igual aos demais?
A história da voltas?
Ou é algo que progridi?
Mesmo que dê voltas,será que isso poderia ser rompido?
É uma coisa para se contentar?
Contentar-se..."

P.S. texto adaptado por mim e retirado de um desenho animado.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

*Dois Momentos*


Havia duas rosas,uma alva,outra púrpura.
Incomunicáveis,se prostravam entre diversas outras flores.
Fixas,nao podiam tomar qualquer forma de iniciativa,apenas aguardavam o momento que definiria o ápice de suas efêmeras existencias.

Um pequeno pássaro,ave livre,que traça o seu destino guiado vez ou outra pelas brisas que o levam ao grandioso jardim.

Primeiro pousa sobre a pequena rosa alva,esta que possui pétalas assimétricas e por vez nao lhe transmite qualquer forma de encanto. A ave ainda revoa ao seu redor,para que enfim introduza seu rígido bico no centro da delicada flor e assim absorva o néctar nela presente.

Voando mais a frente e procurando incessavelmente por uma rosa mais exuberante, ele finalmente depara com a flor púrpura,a mais bela de todo o jardim.
Ela parecia estar aguardando pelo momento,totalmente desabrochada e exalando um odor anestésico,se mantém facilmente perceptível.A pequena ave,então,completa seu ritual,pousando rapidamente e colocando seu bico ainda composto de polén e nectar em seu interior.

Após este ilustre acontecimento,o pássaro continua a voar , indeciso por ter de mirar outras flores sempre de cores variadas.

Enquanto isso, ao nascer do sol,surge a flor rosa,"ROSA DAS ROSAS",produto do acaso de interesses distintos e que sempre há de ser originada por dois momentos cruciais,relacionamentos casuais,geradores de nova vida.



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

*Insônia*


Oscilando os ponteiros,o relógio em meu quarto teima em me manter acordado,fazendo um barulho quase imperceptível,mas que me mantem desperto.

Levanto-me fadigado para ver o horário, uma e quarenta da madrugada e eu aqui de pé abobalhado,pensando,como será que a dama da noite esta neste exato momento?
As lembranças diárias só agravam o meu quadro de insônia e cada barulho noturno se faz motivo para palpitações.

Lembro-me de seu belo sorriso,seu olhar puro e aconchegante,seus cabelos levemente sedosos e das sinuosas curvas parnasianas que compõe o seu corpo.

Ela não me deixa repousar em meu leito,pois os pensamentos perpassão por noite á dentro.

Que ser imprestável é este que me atormenta durante as luas que se passam?

Ainda escuto suas palavras suaves e sinceras,seus poemas repletos de profunda inoscência,sussurrados bem próximos aos meus ouvidos. E como num canto de ninar o som transmutasse em sono,paralisando-me em meu recinto.Já bastam as palavras e lembranças da poetisa e o que resta é o silêncio.

O relógio parara de oscilar,como se o tempo houvesse parado de vez...

Acompanhado apenas da escuridão presente em meu quarto,fecho os olhos.Tentando não confundir sonho com realidade , eu me proponho a apenas dormir,mas caso não haja concretude alguma em meus sonhos noturnos ,sonâmbulo andarei pelos vastos corredores de minha morada,procurando por algo que talvez nem eu mesmo saiba o que seja.





sexta-feira, 2 de setembro de 2011

* A bela bêbada e o bueiro*



Bela e bêbada,não havia palavras melhores para descrever a garota que dançava fora de ritmo junto a parede da “Sound.Enquanto todos dançavam aquela conhecida performance da música que tocava , a bela burguesa bem vestida tentava improvisar algo .Projetando o corpo para trás e para frente ,ela mexia os quadris sensualmente e eu apenas continuava vidrado em seus movimentos,admirando a cena.
Tentando tomar controle da minha mente para que não fosse levado pelos desejos da carne,fiz um esforço para usar a racionalidade e de uma maneira fria,calculando os passos e palavras que viria a pronunciar dirigindo-me a ela,comecei a falar mecanicamente,sem esperar qualquer forma de retorno.

Primeiro coloquei minhas mãos em sua cintura ,olhei em seus olhos,que eram intimidadores, por sinal,ela me olhava como se tivesse comendo-me vivo .Então quando abri a boca para gaguejar mais algumas poucas palavras , ela fez sinal com a mão de que não precisava,agachando-se,colocou um copo de bebida que segurava no chão e quando se levantou já estava com o rosto tão perto do meu que já podia sentir nitidamente o seu odor de perfume francês misturado a suor. Nos entreolhamos por alguns segundos rapidamente e numa pegada ela beijou-me os lábios,de uma maneira selvagem e excitante .Seu beijo tinha um gosto de vinho, não digo qualquer vinho, mas sim um dos mais caros, creio que o gosto da bebida era acentuada pela sua saliva,dando um tom forte e que nunca em beijo algum saboreara. Pude sentir o teor alcoólico quando suguei a sua língua ,era algo ácido e que ao mesmo tempo me acalmava num continuo êxtase,purificando-me.
Eu enlaçava meus braços em seu corpo,comprimindo-a contra o meu como se não quisesse mais perdê-la,em minha cabeça permanecia a ideia de querer eternizar aquele momento,tornando-o único.
Começamos então a dançar abraçados e em passos aleatórios .Riamos feito bobos, um do outro,trocando carícias e se mexendo num ritmo alucinante.

Assim foi,até o amanhecer...

Até que repentinamente a garota resolvera me dizer que tinha de partir ,saindo apressada e olhando séria para o relógio preso em seu pulso ela disparou. Eu ainda corri atrás dela, tentando refazer seus últimos passos , porém,o único lugar que cheguei foi a um bueiro aberto que tinha um punhado de grama que crescia junto a ele com um isqueiro caído,próximo a suas beiras. A garota sumira ,sem me dizer ao menos seu primeiro nome,deixando-me perdido e com uma sensação de vazio. Se bem que tenho de admitir , tudo que passara naquela noite ficaria em minhas recordações ,os beijos profundos e os toques que trocamos.

Peguei então um cigarro em meu bolso e acendi com o isqueiro que acabara de achar ,traguei lentamente... Lembrando-me da bela bêbada que desaparecera próxima ao bueiro.
Até que resolvi olhar detalhadamente para o curioso objeto que havia achado,nele tinha um desenho de uma lebre e mais abaixo havia também uma pequena frase talhada em letras miúdas,forcei a vista e pude ler em seu corpo: "O QUE SE ACHA SE PERDE, O QUE SE PERDE NÃO TEM FIM ALGUM."

Confuso e sem achar algum sentido específico para aquele acontecimento estranho,vaguei vagarosamente,sem rumo,pelas estreitas ruas daquele local,perdido em meus pensamentos,agora irracionais.

Chovia...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

*Os 12 turcos bêbados e um tal de José Carlos*

Numa grande mesa redonda se encontram 12 turcos,que mal se conhecem,animados e bêbados,eles filosofam sobre a vida,sem nenhuma finalidade,
apenas conversam intelectualmente,tentando retirar da noite alguma utilidade.
MAS os TURcos no BAR não param de pronunciar palavras num debate interminável , sem objetivos,
enquanto continuam bêbados e prazerosos com a situação,acham-se mais vivos.
Eles conversam sobre história,política e religião,
MAS os TURcos Bêbados,inertes, não pensam em revolução,
apenas querem um pouco de orgia intelectual,
o que mais parece ser coisa banal.
Precisam de algo que os incitem a tomar iniciativas.
-Talvez você,Zé,caso junte-se a eles poderia deliciar-se com vinho e brioche,além de outras bebidas caras.
Fazendo parte dessa roda poderia ser só mais um turco bêbado nesse bar ou convencê-los de que sua ideologia realmente valeria a pena,
mudar esse quadro dessa cidade pequena.
MAS os TURcos do BAR não querem ouvir,
tão pouco agir,
eles zombam do que é seu ser,
afinal o que eles querem é lazer,
cada um embriagando-se com seu solitário prazer.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Amada Amanda





Amanda sempre achou que passava despercebida pelo mundo.Sua 


aguçada e ao mesmo tempo limitada 


auto-análise sempre a levava a conclusão de que era um


 fracasso.Amanda não amada,pelo menos assim se 

sentia e sentindo-se assim,assim era.

Advinda de uma família de intelectuais.Seu pai Sócrates,homenm 

de princípios rígidos .Sócrates lecionava 



na usp e no seu currículo constava as maiores graduações .Ao 

chegar toda noite do trabalho mal 

cumprimentava a família e lá ia se fechar no seu universo 

paralelo.onde debatia como insano com filósofos 


de outros séculos.Sentado na sua espaçosa cadeira,encontrava-se 

no birô uma carteira de charutos 

cubanos,ganha do próprio Fidel.E lá estava ele lendo cada dia mais 

e buscando encontrar alguma falha nos 

mestres da filosofia para que no mínimo pudesse auto-afirmar-se 

novamente.

Lúcia, mãe de Amanda era psicóloga e psiquiatra e ainda 

encontrava tempo para ser escritora de best-

seller.Havia sido indicada pela academia brasileira de letras e como 

todo profissional dedicado a sua 

atividade ,seu tempo teimou em não tentar estar tanto tempo com a 

família.Era perfeita na atividade que 

exercia,exercitando cada vez menos o vínculo com a família.

Saía ás seis horas ,antes de Amanda e seu marido Sócrates 

acordarem.Os dois(marido e mulher) juravam 

amar-se mutuamente e estabeleceram Amanda como o que mais de 

vital existia para eles.

Neste ambiente,Amanda cresceu órfã de atenção.Na família dela 

datas festivas eram apenas formas do 

mundo capitalista se desenvolver.Porém Amanda amada 

menina,tinha necessidades e sentimentos comuns 

as garotas da sua idade

Amanda já era adolescente,linda,luz que se fazia brilhar apesar de 

toda vontade que a mesma tinha de 

manter-se anônima.Era sensível,sozinha,sã...

Menina de poucos amigos,pois foi desde cedo criando-se dentro de 

uma concha,como uma autista.

Não se sentia amada Amanda .As únicas conversas que permeavam as discussões na família dos Von 

Trapp no que dizia respeito a Amanda eram sobre seus estudos e 

sobre sua vida nunca se discutia.

Amanda,menina muda era fomo ficava depois de responder aos 

interrogatório de seus pais.Sem conseguir 

obter êxito ao tentar se expressar ,novamente subia ao seu 

quarto,seu refúgio,onde sentia-se livre da 

concha. Sua solidão era cada vez maior,seus amigos;poetas 

mortos:Renato Russo,Álvares de Azevedo 

,cazuza.. . todos tão jovens,fazia com que Amanda parasse para 

pensar sobre algo que já tinha lido.Porquê 

os bons morrem cedo?e passou horas a fio refletindo isto, ao fundo 

musical tocava teatro dos vampiros.

No dia seguinte faria 18 anos,por algum motivo,subiu para seu 

quarto após aquele jantar mais triste que o 

normal.Mais pensativa,começou a divagar sobre sua vida e chegava 

cada vez mais a conclusões piores e 

cada pensamento era acompanha- do de uma forte pontada no 

coração e uma crescente falta de 

ar,gritou,mas como sempre ninguém a escutou e ali sucumbiu 

Amanda muda e morta....

Parecia um anjo,camisola branca ,cabelos negros e longos,seus 

olhos azuis estavam fechados de vez para 

aquele mundo onde Amanda não mais amanhecerá.Pois ali 

jaz,amada Amanda.



Postado por uma grande pessoa que conheço,em 18/01/2005 ...

sábado, 11 de junho de 2011

*Gare*




Sem lugar certo,não tenho objetivos.
Me chamam de"fugitivo",e a alcunha me fere,me deixa cambaleante,
Dificil é dar de cara com esta verdade dura,pior do que diamante.
Mas continuo a ir a não sei onde,me dirijo a uma estação,pegando um ônibus daqueles grandes ,mas com pessoas numa quantidade mínima por conta do horário,sentando-me sempre nas últimas bancadas,enquanto escuto músicas em línguas que desconheço em meu tocador de músicas,as imagens distorcidas e luzes vão passando rapidamente vistas de dentro do grande “Noite-Bus andante”.É uma noite chuvosa como todas as outras de inverno e para me entreter desenho com os dedos figuras disformes e palavras no vidro embaçado,sinto que parte daqueles desenhos não façam parte da minha realidade, aquelas palavras de encorajamento são apenas mais algumas que serão apagadas com o fim da chuva .
Minha mente vaga por todos os locais a fora do veículo,mas eu continuo sentado em meu assento apenas a observar o movimento de longe,vendedores ambulantes e enlamaçados esfregam desesperadamente nas janelas seus produtos e panfletos com propagandas exclamativas, mas essas pobres pessoas estão no lugar errado,quais daqueles passageiros iria querer alguma daquelas coisas sob aquelas circunstancias adversas?não havia nada de exclamativo naquele domingo,apenas faces inexpressivas numa noite nublada.
E como num passe de mágica cheguei ao local de meu destino temporário,o tempo tinha transcorrido muito rápido e ,enfim, pude chegar a grande “Gare”,estação com metrôs que iam e vinham para todos os locais da cidade,mulheres com projeteis de roupa que beiravam acima dos joelhos e barrigas de fora,creio que algumas estavam grávidas e outras estavam repletas de verminoses,se bem que ,mesmo assim, não deixavam de oferecer os seus corpos a venda por um preço reduzido se comparado a dignidade que deixavam para trás.Lá haviam pessoas de todos os tipos,dos burgueses deslocados aos skatistas descolados,homens e mulheres que trajavam roupas pretas e desfilavam munidos de expressões mal encaradas,era como um zoológico humano,havia uma enorme “biodiversidade”,de tudo um pouco, menos certeza de volta,aqueles que vagavam pela estação continuavam a freqüenta-la para observar cada nova “criatura” que surgia,outros se perdiam por lá mesmo e a adotavam como moradia.
Eu estava esperando o amanhecer,não para ver o sol ,mas por causa do horário do metrô, que passava apenas as 7 da manhã.Sentei num banco de pedra ao lado de uma senhora que trajava uma capa de chuva e segurava um enorme saco de latinhas amassadas,ela tinha olheiras e sua cara parecia transmitir espanto com algo,foi aí que ela notou que eu a observava e acabou por me olhar e dirigir suas palavras a min:
-Moço,você viu o que aconteceu ali mais na frente?
assustado e sem saber oque fazer,perguntei:
-Não.O que houve minha senhora?
-Eu ouvi falar que uma menina reagiu porque não queria ter sua corrente de ouro roubada e por isso acabou sendo morta,ave Maria!como é que uma menina tão nova pode ter sido morta por conta de uma coisa dessas?
senti um choque e meu corpo foi gelando aos poucos,a situação parecia bastante assombrosa,e então mais assustado eu falei
-Minha nossa,não sabia que havia acontecido isso pelas redondezas.Por favor ,a senhora pode me levar até o local para eu ver como esta o movimento e saber oque realmente houve?
-Moço,me desculpa, mas eu não quero ver mais a cena,acho que nem vou mais conseguir dormir hoje,já basta o meu dia que foi pesado.
Então eu saí na direção que a senhora tinha olhado e pude ver a frente duas viaturas e uma multidão de pessoas cercando algo,que eu suponho que fosse o corpo da garota,tentei me aproximar correndo por conta da curiosidade que tomara conta de min,abri um pequeno caminho na multidão e vi,algumas pessoas choravam desesperadamente enquanto uma mão feminina e estática saia de baixo da grande lona,do outro lado,tinha um rapaz negro com uma camisa de algum desses times da Europa,e ele parecia estar morto também.
Fui então perguntar ao policial o que tinha ocorrido:
-Com licença,o senhor poderia me dizer o que houve por aqui?
-Rapaz,foi algo muito rápido,o meliante estava drogado,inclusive encontramos algumas pedras de crack em seu bolso,então ele avançou na menina e a matou a sangue frio com facadas,ela ainda resistiu por um tempo mas não foi o bastante para salvarmos e acabamos por ter de matar o meliante que ainda chegou a avançar em cima de outras pessoas por essas redondezas .
-Que barbaridade!como um ser humano pode chegar a tal ponto?!não se pode mais andar tranqüilo por essas ruas a noite como antes,realmente estou chocado com o que aconteceu,mas de qualquer forma obrigado pela informação.
Uma tristeza enorme me veio a tona,era como se eu ainda pudesse reviver o momento em que a menina fora assassinada,além da visão assombrosa já não bastavam os parentes chorando desesperadamente pela garota,como se ela ianda pudesse voltar a vida.
Saí andando vagarosamente em direção ao corpo do assassino,foi aí que vi uma corrente de ouro manchada de sangue e com um pingente bem seguro nas mãos dele .Me aproximei e li
“NUNCA DESISTA DE SEUS SONHO,PAZ,AMOR E FELICIDADE”...
Então aquilo tomou conta de min,o pingente que a menina lutara para proteger continha palavras tão belas,creio que ela morreu por valorizar tanto aquelas palavras impressas e por isso devia fazer questão de exibi-las com orgulho.
De repente um grande apito ecoou por toda a estação,era o chamado,todas as pessoas que eu havia descrito e mais algumas se aproximavam do metrô formando uma fila,aos poucos todos foram entrando no trem das 7 até que ele partira para seu destino.Mas não era como antes,eu sentei na bancada e comecei a olhar o sol que dissipara as nuvens lá fora ,comecei a ver e a pensar emocionado,peguei um pequeno bloco de notas e comecei a escrever palavras que brotavam da ponta do meu lapiz,palavras estas que se assemelham as que eu desenhava com os dedos nos vidros embaçados nos ônibus que andei e outras que eu mesmo vira naquela madrugada,continuava reflexivo por conta do fato e,apesar da fadiga, dentro da minha cabeça pareciam ferver ideias como nunca antes tivera.
O grande metrô então partiu,fazendo aquele barulho característico por conta do atrito entre as rodas e o trilho,eu olhei mais uma vez pela janela e vi que não havia quase mais ninguem lá fora além dos vendedores incansáveis,me encolhi na bancada para tirar um cochilo que duraria um bom tempo até meu destino,que não seria mais o mesmo,agora iria em direção ao norte,não voltarei realmente para casa.