Total de visualizações de página

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Absurdo !





‎" Elas não queriam existir, mas não podiam fazer nada quanto a isso ; tinham que continuar; a seiva circulava a contragosto, lentamente as raízes entravam na terra.Mas elas pareciam que iam largar tudo e se aniquilar. Cansadas e velhas , as árvores continuavam a existir de má vontade por serem fracas demais para morrer, porque a morte só poderia vir do exterior. Só acordes de músicas podem trazer orgulhosamente a morte em si mesmos como uma necessidade intrínseca. Tudo que existe nasce sem motivo ; se prolonga por fraqueza e tem um encontro com a morte. O essencial é a contingência. Por definição a existência não é necessária. Existir é apenas "estar lá". Os existentes aparecem, se deixam encontrar. Mas não se pode nunca deduzi-los. Tudo é gratuito: este jardim, esta cidade e eu próprio. Quando a gente se dá conta disso, o coração fica pesado e tudo começa a rodar. Fiquei no banco perplexo, achatado por essa profusão de seres sem origem por toda parte, desabrochamentos. Minhas orelhas fervilhavam de existência, minha própria carne palpitava, pulsava e se abandonava a germinação universal. Era repugnante" A náusea. 

http://m.youtube.com/#/watch?v=xUoY82T0HMQ&desktop_uri=%2Fwatch%3Fv%3DxUoY82T0HMQ&gl=BR

sexta-feira, 25 de maio de 2012

* Sobre o futuro *

FUTURO
Talvez essa seja uma das palavras que mais tem nos causado pertubações ultimamente. Os tempos posteriores são motivos de pura ansiedade,seja porque sempre colocamos meta após meta a serem cumpridas e enchemos os nossos cérebros de PRÉ-ocupações,tornando-nos assim, cada vez mais robóticos. Enquanto os sóis surgem ao horizonte sempre despercebidamente nos preocupamos hora ou outra com superficialidades e como máquinas vamos perdendo a sensibilidade. Esquecemos de desejar um bom dia, de apertar a mão de um desconhecido mesmo que seja para demonstrar o mínimo de cordialidade, são detalhes que vão se acumulando e passando cada vez mais por desleixo. Constantemente recebemos conselhos de companheiros que nos dizem para  nos desapegarmos um do outro, não que isso seja algo saudável ,mas sim porque o sofrimento fez com estes se conformassem com essa visão minimalista de mundo. É nesse mesmo mundo que a sinceridade e o amor não servem nem mais como figurantes e a falsidade esta mascarada em embalagens, só faltam os códigos de barra.

Sim, nosso futuro estará fadado a isso... E...principalmente se não dermos a devida atenção ao agora, se não vivermos o presente com comprometimento.

Tudo isso pode parecer muito clichê,mas se você ao menos parasse para ver sobre outra ótica enxergaria as coisas com mais otimismo,oras, amigos e amigas nunca pararam para pensar que o futuro é apenas uma possibilidade em milhões a qual exaustivamente e sem sucesso tentamos nos apegar?

Que toda essa idéia não passa de mera estatística e probabilidade?

Me perco num sonho em que um dia cada um de nós voltasse a ver a imensidão a nossa frente como uma criança que impetuosamente tenta saber o que observa e por isso não teme a dúvida ,tão menos se preocupa com os olhares alheios.

Seria sonhar demais imaginar que o ser humano se preocuparia mais com o próximo ao invés de se ocupar tanto com as cotações na bolsa de valores?

Talvez essa fosse uma diminuta chance dentre muitas outras de um futuro que constantemente bate a nossa porta com pulsos firmes.

Vivamos então nosso AGORA com mais compaixão, mesmo que seja um pouco por dia, talvez assim a possibilidade de um novo tempo surja, tempo este que virá a nos tornar mais racionais,mas nem por isso menos sentimentalistas,mais humanos. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

* Duas cerejas *


                                                           ANOITECER

  
Estava eu a percorrer um pequeno caminho do bar a praia afim de dar uma pausa em minha caminhada para casa.Havia tomado algumas doses de cachaça barata , daquelas que você só compra por conta do preço diminuto e ingere apenas com o intuito de embriagar-se. O trajeto era curto , como eu mesmo a pouco mencionara , os passos dados por mim estavam em completo zigue-zague  e meus sentidos que outrora sempre me direcionavam a meus objetivos de maneira linear apenas estavam a me confundir.
Se vos dissesse que estava como um bêbado a minguar estaria mentindo, estava de uma forma bem peculiar , como se minha sensibilidade estivesse aflorado a tal ponto que tudo ao meu redor criasse vida, fitava a natureza de uma maneira exacerbadamente poética . A noite exibia seu espetáculo gratuito , as estrelas ao longe mais pareciam pontos luminosos , permaneciam aos montes , de uma maneira que não podia-se quantificar claramente a quantidade que se via a olho nu. O conjunto de elementos que se combinavam ali me passavam uma sensação inédita, a de que eu estivesse presente em uma obra de arte impressionista ,pois as luzes e cores em um tom turvo davam uma atmosfera excepcional a noite. Sim , isso mesmo, não era loucura! E se talvez fosse, que permanecesse assim. 
Próximo a beira do mar resolvi sentar numa areia mais fofa, aconchegante, para que posteriormente pudesse fitar o movimento rítmico causado pela maré, esta que me tragava lentamente ,como se de alguma maneira estivesse me convidando para uma valsa. Aquelas águas cristalinas não me enganavam, sabia muito bem qual eram seus reais intuitos, queriam me afogar em suas cruéis correntezas, assim como fizera com tantos outros ébrios solitários que se perdiam ao se ludibriarem com suas belezas impares. 

                                                          AMANHECER



Durante longo tempo permaneci a admirar a noite sem me dar conta de algo, não havia notado que próximo a mim havia uma bela garota que trajava um lindo vestido branco e que, assim como eu,  também fitava o céu estrelado. Observei-a por algumas horas, sem notar o tempo que passava e ela mesmo assim não havia evidenciado minha presença, de maneira alguma. Resolvi aproximar-me lentamente, meu sentimento de solidão gritava através de meus sentidos para que me aproximasse da jovem, queria poder desfrutar daquela noite tão singular ao lado daquela desconhecida. Andei então em passos forçados até sua singela figura, sentei-me ao seu lado e ela olhou-me assustada, seus olhos eram os olhos mais belos que já havia visto em toda a minha vida, neles tinham algo que nunca outrora vira de maneira tão expressiva:VIDA!
 Apesar de exprimirem um certo medo eles escancaravam uma vivacidade incrível. Olhei-a também, e me encantei cada vez mais com a beleza que possuia, sua pele era alva como neve, contrastando com toda aquela areia, seus lábios eram grandes e estavam pintados de vermelho, assim como a tatuagem que avistara por acaso em seu ombro, era bem característica .Disse então que não queria incomodar, apenas queria sentar-me ao seu lado e junto com ela olhar as estrelas. A garota hesitou um pouco, mas depois agiu de maneira permissiva.
Após olharmos a paisagem, ela me dissera uma coisa...
Disse-me num tom triste, que sempre sentia-se muito pequena quando olhava a imensidão do céu e o mar ao horizonte, que apesar de lhe trazer uma felicidade momentânea, tudo aquilo lhe trazia uma sensação de melancolia,pois sentia-se só diante das circunstâncias. Então,após olhar em meus olhos com uma certa ternura,ela inesperadamente resolvera tomar-me a mão, pedindo-me que eu não a soltasse pois assim o sentimento de solidão voltaria a lhe atormentar. Pedira-me também que eu ficasse em sua companhia até o amanhecer e eu,logicamente, não negara o pedido, segurara sua mão com força e colocara sobre o meu peito.  
Logo após isso nos deitamos e continuamos a olhar o céu...
Acabando por dormir nós dois, ali mesmo e quando abrira os olhos, que começaram a lacrimejar com um certo ardor, o crepúsculo já havia findado, trazendo consigo o dia, levando as estrelas e por fim a garota que dormira ao meu lado.
Levantei-me cabisbaixo e fitei o horizonte como se fosse a última vez, o Sol brilhava sobre as águas do mar,fazendo com que estas refletissem de uma maneira curiosa o céu, dando-me uma sensação de que o próprio mar  havia se fundido a este num ponto infinitamente distante.Sentira um arrepio por todo corpo e confesso que agora sabia,de certa forma, oque era aquela sensação de pequenez que a garota que esteve ao meu lado descrevera diante de tamanho deslumbramento. Não conseguira segurar minhas lágrimas diante de um momento tão ilustre...
Era tudo tão belo!

Após aquele momento e aquela noite irreverentes, resolvi retomar minha caminhada pela praia e distanciando-me daquele local pude recordar-me de uma coisa, a garota tinha duas cerejas tatuadas em seu ombro, poderia reconhece-la se a visse de novo em outros dias.


sábado, 14 de janeiro de 2012

* Sexta *


Baratas asquerosas...lá vem elas aos montes .
Mais parecem criaturas desnorteadas movendo-se pelas frias calçadas.
Se esbaldando nos lixões,
bebericando o líquido viscoso a escorrer destes .
Certo dia vi horrorizado uma destas mordiscando o resto de carne que sobrara num crânio...
São apenas pestes que se proliferam ao anoitecer do décimo terceiro dia.
Não são vistas por qualquer um...

Morcegos sinistros...lá vem eles fechando as cortinas dos céus .
Atemorizando a todos com seu vôos rasantes .
Guinchando sons tenebrosos,enquanto procuram por sangue e alertam seus companheiros.
Criaturas de aparência bizarra,mais parecem demônios alados.
São apenas pestes que se proliferam ao anoitecer do décimo terceiro dia.
Não são vistos por qualquer um...

Ratos repugnantes...lá vem eles .
Temerosamente correndo de ninguém nos ambientes mais grotescos possíveis .
Ratasanas,miseras criaturas urbanas e animalescas,buscando  as sobras de outros seres...
Roendo a carne pútrida,frenéticamente,saciando a fome do caos .
São apenas pestes que se proliferam ao anoitecer do décimo terceiro dia.
Não são vistos por qualquer um...

Gatos negros...lá vem eles a espreita
Majestosamente caminhando por entre as tralhas,não perdem a pose.
Caçando por entre as escuras ruas de algum lugar.
Saltitando os muros e subindo em árvores,fugindo do nada...
São apenas pestes que se proliferam ao anoitecer do décimo terceiro dia.
Não são vistos por qualquer um ...


Cães sarnentos e raivosos... Lá vem eles quebrando o silêncio noturno,latindo sem motivo algum.
Uns deitados,descansam ,outros sempre alerta,temem o fim de suas miseras existências.
Certo dia deparei com duas feras destas brigando por um pedaço de osso sem carne,nada senti além de pena...
Mancando descompassadamente com seu pedaço de osso, o pobre cão já exausto para e deita-se satisfeito em cima de uma sacola plástica.
São apenas pestes que se proliferam ao anoitecer do décimo terceiro dia.
Não são vistas por qualquer um.

Humanos
Abaixo da luz do luar,empapelados...
Na sexta rua a esquerda,próximos ao apartamento em que você dorme, no décimo terceiro andar.
Não são vistos...