A todos nós, em nossos mundos internos e percursos diários, quanta dor somos capazes de suportar? Dor que nos corroe até às entranhas, prende o choro, o pranto, rouba-nos o sorriso da face e o ar da vida. A quanta dor? Quantas somos capazes de afogar?
O urro, o grito, o soco no ar e angústia somatizados, a coluna torta, e nós a olharmos cabisbaixos a hora e o "silêncio-sintoma" ,cancerígeno. O coração como que pedra, como que vulto da vida, vida fantasma
A quanta dor?
A não dar nome, não mostrar a cara , a expressão, o acordo e a senbilizacão
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O acordo
A quanta dor?
O rombo comeu meus tímpanos e eu gritei desafinado minha dor, a dor de outro e do mundo, afugentei as traças, ergui-me de um pulo, eu e minha dor
Peguei-a pela mão, carreguei nos braços
E por sobre mantos, cifras e códigos
Dei parte dela o mundo
Caminhei ali sob aquela ladeira
Desci de leve, respirei, plantei dela uma semente
Para que ao raiar dos dias eu a celebre:
A ela que me cabe
E também a mim, cidadão do mundo
07/08/2022