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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

* Ao amor *




Acendi o primeiro...
Pena, pensar que este seria o último,

não fora...

A fumaça formava uma espécie de névoa ,
ascendia com os ventos noturnos,
como a nuvem que naturalmente
busca as altitudes mais elevadas durante o crepúsculo.

Vagarosamente,
Impetuosamente,
ia ao encontro de seu destino,
afim de tornar-se ao menos uma vez um singelo elemento daquela paisagem,
algo em que ao menos pudesse servir de agrado aos olhos de um passageiro numa rua qualquer...

Não fora...

A minúscula névoa não fazia parte daquele cenário ,
era algo impuro,
proveniente da mais baixa iguaria,
tamanha podridão não podia se misturar as outras nuvens,
era inconcebível.

Apenas fumaça...

Haveria de se esperar que aquilo se dissipasse da mesma forma que as pestes...

Abundam nos bares nas noites de término, na mais ridícula uniformidade, se esbaldando
de algo que os entorpeça ,que os mantenha suspensos numa atmosfera igualmente ridícula.

Apenas fumaça...

Há de se dissipar,
nem que para isso terminem em pequenos projetos de covas,
perfeitamente ornamentadas e com seus nomezinhos gravados.

Enfim...
Fora.

Ininterruptamente agarrei-me a outro,
mesmo exausto e diante da fornalha que meu quarto se tornara com o nascer do sol .

Traguei mansamente o que
sobrara de minha singularidade,
meu ser se desmanchava em cinzas,
meu corpo em combustão como numa sinfonia em seu momento de ápice...

Brotaram-se as mais nefastas imagens,
os mais sombrios pensamentos,
o corvo batera em véspera suas asas em plena aurora
e a névoa matutina enfim dissipara-se dentre os raios afora.