O não-lugar
Perdido no espírito
Na vibração de suas ondas cerebrais
Caiu ...
E até a escuridão que lhe fora incumbido
Caiu
Não sabia se nascia ou se morria
Era como o rebento que ao ver a luz a respiração lhe saltava junto com os olhos fora das órbitas ,
Ou como o velho decrépito,que se perde entre a dor e o desespero, para esbanjar por fim o semblante sereno do que já não é, e fora?
Uma imagem
Uma casa vazia
Poucos cômodos
Chove...
Por um momento sente as vidraças da janela que impelem o vento vibrarem, mas lá de fora pode se escutar a natureza numa ânsia imponente de contato e um assobio assim prossegue...
Até que chega a noite e no centro da sala a mesa aparece posta, ali está o banquete.
Um rangido surge e a porta se abre como que por mágica, pessoas entram, sujeitos.
Dependuradas ali próximo estão pinturas e fotos antigas, algumas em preto e branco, empoeiradas, percebe-se que são aquelas pessoas representadas.
Sentadas confortavelmente à mesa, utilizam-se dos talheres e digerem vagarosamente cada alimento daquela refeição, compartilham do que bebem e ali mesmo se encerram. Percebendo o momento derradeiro em volta da mesa dão as mãos, se entreolham e sorriem com tamanha profundidade. A lua cheia lá fora reflete o brilho de seus olhares e imprime em suas auras uma atmosfera iluminada. Ambos se curvam enquanto o dia amanhece e tudo se dissolve entre os raios de Sol.
Por estranho mistério a mesa surge arrumada e em seu centro, inerte, está ali de pé um busto de bronze. Uma estátua com o dedo indicador em pé, cruzando os lábios, na medida que aponta para cima.
No entanto lá ao longe,ainda que fora daqueles aposentos se ouve um cantar tímido, que se aproxima e aumenta a medida que amanhece e o sol por fim dá as caras. É o cantar de um galo que anuncia...
De repente acorda, ainda confuso, mas um murmúrio rumina em sua mente baixinho: “tudo é segredo”.
01/02/2022
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