ruas são como selvas
um mar de concreto
um gole de caos
tragadas são suspiros
como respirar após um mergulho
bocas, um gosto rubro ,fugaz
por favor, não me deixe parar
por favor, a noite não pode acabar
busco um pouco de paz
dentes são como facas
suas presas, minhas presas
amolam a alma , retalham sigilos
torpores e a calma
por favor, não me deixe parar
por favor, a noite não pode acabar
a brisa e as luzes
exalam um cheiro de aurora
do tempo que já desfaz da hora
momentos findos da vida
perpetuam-se em artérias compridas
embalos orgiásticos do ser
e nos becos e vielas adentro
jazem mortos os lamentos
e se depois de tudo isso
perdurar o pranto cinzento dos dias
agarras bem a mão da noite
faz de tua prece o coração em açoite
esquece então os ponteiros
segue só ,em romaria
de tento em tento
tua bussola é o vento
e amanhã já se faz dia
26/12/2019
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