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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

*Ode a Boêmia *


ruas são como selvas 

um mar de concreto 

um gole de caos 

tragadas são suspiros 

como respirar após um mergulho 

bocas, um gosto rubro ,fugaz

por favor, não me deixe parar 

por favor, a noite não pode acabar 

busco um pouco de paz


dentes são como facas 

suas presas, minhas presas 

amolam a alma , retalham sigilos

torpores e a calma 

por favor, não me deixe parar 

por favor, a noite não pode acabar 

a brisa e as luzes 

exalam um cheiro de aurora 

do tempo que já desfaz da hora 

momentos findos da vida 

perpetuam-se em artérias compridas 

embalos orgiásticos do ser 

e nos becos e vielas adentro 

jazem mortos os lamentos


e se depois de tudo isso 

perdurar o pranto cinzento dos dias 

agarras bem a mão da noite 

faz de tua prece o coração em açoite

esquece então os ponteiros 

segue só ,em romaria 

de tento em tento 

tua bussola é o vento 

e amanhã já se faz dia


26/12/2019

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